Júpiter Maçã Talk Show - 2ª Temporada

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E não é que o projeto tem sua segunda temporada??? O bate papo foi animado, com perguntas capciosas, respostas reveladoras e uma trilha sonora de primeira linha, tirando o tal de Kiabbo. A nova edição foi ao ar em setembro! Dessa vez os malucos de plantão são: o auxiliar de VJ do 15 minutos Kiabbo, Didi e Kika.


Veja a segunda temporada do talk show do Júpiter:








A primeira temporada você vê AQUI.


Tequila Baby - Aleluia

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DVDShrink - Faça cópias de DVD's




O Durango-95 está "estreiando" mais uma seção para dar uma mãozinha aos amigos que aqui comparecem, este "departamento", chamado Utilytários, estará sendo abastecido com pequenos ou grandes programas, que de uma forma ou de outra serão de grande valia aos usuários da multimídia, dando ênfase sempre a programas relacionados a música e vídeo, ou seja, o motivo da existência do Durango-95.

E para começar, disponibilizo aqui meu programa "predileto", extremamente eficaz e de fácil utilização, o DVDShrink, programinha para copiar DVD's, juntamente com um tutorial dando o passo a passo para usá-lo. Espero que os amigos do blog aproveitem e fiquem a vontade para "solicitar" ajuda, dar opiniões e contribuir com sugestões de novos programasa serem postados.

DVDShrink é ótimo para ser usado em conjunto com softwares de gravação de DVD, criando cópias de qualquer disco. Para gravar discos você pode usar o Nero ou alternativas gratuitas como o CDBurnerXP e o Infra Recorder. Os arquivos podem ser salvos no seu disco rígido ou como imagem ISO e gravados mais tarde.

Por que usar DVDShrink?

A maioria dos títulos em DVD é projetado para impedir que você faça cópias. A primeira medida preventiva das produtoras é a criptografia. A maioria dos DVDs é encriptado, isto significa que você não pode copiar os arquivos para o seu PC, e, mesmo se conseguir copiá-los, não será capaz de reproduzi-los. DVDShrink resolve este problemas com algoritmos sofisticados de decriptação.

O próximo problema não é tão fácil de resolver. A maioria dos títulos em DVD é simplesmente muito grande para caber, sem modificações, em apenas um disco de DVD-R. DVDShrink soluciona isso ao modificar ou "encolher" os dados do DVD original.

DVD Shrink também permite que você recompile seu DVD. É possível criar sua própria compilação a partir de uma ou mais fontes de DVD, ou selecionar apenas as partes que você deseja visualizar — assim preservando mais espaço no seu backup e propiciando a melhor qualidade.

Como funciona?

Recentemente, os codificadores atingiram alguma popularidade. Eles são baseados em algoritmos projetados para recomprimir uma transmissão MPEG-2 em tempo real. Esse tipo de programa pode recodificar um filme em DVD inteiro em apenas poucos minutos, pois não precisa decodificar e recodificar o vídeo completo, apenas uma parte dele.

Basicamente o que você obtém é uma redução de tamanho (e conseqüentemente na qualidade) melhor do em qualquer outro programa no mesmo estilo. O DVD2One foi o primeiro programa a trabalhar dessa maneira e o DVD Shrink o primeiro programa gratuito do gênero.


Pouca Vogal - Gessinger + Leindecker

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Isto é o que chamam de “release”
por Humberto Gessinger

Pouca Vogal é um duo que formei com Duca Leindecker. Venho dos Engenheiros do Hawaii, banda que montei em 1985 e com a qual, até 2008, lancei 18 discos e 5 DVDs.

Duca vem da banda Cidadão Quem, formada em 1990, com 7 discos e 1 DVD lançados. Também já lançou um disco solo, além de fazer trilhas para cinema e teatro.

Mais detalhes sobre nossas histórias podem ser encontrados nos sites Engenheiros do Hawaii e Ciadadão Quem. Vamos ao que interessa. Por onde começo? Não sei… Escrevendo release sou um fracasso. Vou tentar outra forma. Que tal eu me entrevistar?

Aí vai:

HG: Como vocês se encontraram?
AgAgê: É uma história antiga, da segunda metade do século passado. Ali por 85, eu encontrei na rua um moleque que tocava guitarra. Ele sabia que eu tinha comprado uma Fender Telecaster. Na época, não era fácil descolar instrumentos legais. O menino ficou de passar lá em casa pra conferir a guitarra. Fiquei chocado quando vi ele tocar. Tirou sons da minha guitarra que eu não imaginava que estivessem lá. Tocava demais! Técnica, estilo, emoção e o diabo a 4. Esse garoto era o Duca Leindecker.

Aperta a tecla FastForward… Em 2004, Duca me convidou para participar do CD/DVD Cidadão Quem No Theatro São Pedro. Tocamos Terra de Gigantes, uma canção que eu havia escrito e gravado com os EngHaw.

FF de novo. Em 2007, Duca me pediu uma música para o novo disco da Cidadão Quem. Havia uma da qual eu gostava muito e só não tinha gravado ainda por achar que altava alguma coisa. Passei para o Duca, que matou a charada escrevendo um novo refrão. A música é "A Força do Silêncio" e está no disco 7. Agora, com a coincidência da pausa de nossas bandas, partimos para o Pouca Vogal.

HG: Por que o nome Pouca Vogal?
AgAgê: É um chiste com nossos sobrenomes, Leindecker e Gessinger. Se quisermos fazer um pouco de sociologia de boteco, podemos falar de como as vogais vão rareando à medida em que descemos pelo mapa do Brasil. O frio vai aumentando, a vegetação fica mais tímida, o verde vai ficando mais parecido com o azul, as pessoas mais introspectivas. Imigrantes com suas consoantes. Ao mesmo tempo em que exageram, algo de verdadeiro guardam essas generalizações.

Pelo Aurélio, vogal é o fonema que se produz com o livre escapamento de ar pela boca. Consoante é o fonema que resulta do fechamento ou estreitamento de qualquer região acima da glote.

HG: Há outros músicos acompanhando vocês?
AgAgê: Não. Só nós 2. É um formato que sempre me fascinou. Seja um duo de violões clássicos como os irmãos Assad, uma dupla caipira como Pena Branca & Xavantinho, um lance pop como Simon & Garfunkel ou jazz como Larry Coryell & Philip Catherine, há algo especial quando duas pessoas estão tocando. Depois do solo, é o mínimo. Mas, nesse mínimo, pode rolar o máximo diálogo musical. Duca já fez trabalhos geniais em duos com Frank Solari e com Borghettinho.

HG: Quais instrumentos vocês usam?
AgAgê: Eu sigo nos instrumentos acústicos: violão, viola caipira, dobro, harmônicas, piano. Além da MIDI Pedalboard, que é um teclado que a gente toca com os pés. Duca toca guitarra, violões com afinações esquisitas e bombo legüero, um instrumento de percussão característico do pampa.

É bem intenso. Em momentos, eu toco violão, harmônica, faço baixos com os pés enquanto o Duca sola na guitarra e faz percussão. Tudo ao mesmo tempo. Geralmente, quando um artista chega à quilometragem em que chegamos, pensa em desfrutar do conforto de um repertório já conhecido e de vários bons músicos aparando arestas. Mas nós estamos vibrando em outras freqüências, definitivamente. Queremos sair da zona de conforto por achar que só tensa a corda vibra legal. A vida é mesmo muito curta pra ser pequena.

HG: Qual é o repertório?
AgAgê: A partir do dia 11 de setembro, 8 músicas inéditas estarão no site . O pessoal vai poder baixar, não vamos cobrar nada, é free. Não estamos interessados em transformar esta atitude em um “assunto”. Nosso interesse nos intestinos da indústria cultural é próximo de nenhum. Nos shows, vamos tocar, além destas, algumas músicas dos Engenheiros do Hawaii e da Cidadão Quem.

HG: Quais são e como surgiram as músicas novas?
AgAgê: TENTENTENDER: a idéia me veio num vôo enquanto eu observava a sombra do avião rastejando lá embaixo. Mandei uma demo para o Duca e ele reescreveu a melodia do refrão.

DEPOIS DA CURVA e BREVE: Duca me mandou as músicas e eu escrevi as letras. A primeira fala da esperança de encontrar coisas melhores depois da curva, depois da chuva. Talvez, o amanhã colorido. A segunda é sobre a dificuldade e necessidade de unir firmeza e delicadeza na hora de cair fora. Quando ser bravo é ser breve, hay que endurecer, pero sin perder la ternura.

VÔO DO BESOURO e ALÉM DA MÁSCARA: escrevi as duas sozinho, mas já com o duo no horizonte. Dizem que o besouro tem o design menos apropriado para voar. Esta e outras contradições sempre me interessaram. Para além da máscara é que devemos olhar. Além do que é sentido, além do que é sabido.

NA PAZ E NA PRESSÃO: Duca escreveu numa dessas horas em que a gente quer gritar ou sussurrar ¡Tchau Radar!

PRA QUEM GOSTA DE NÓS: um nó nos prende ou nos leva na velocidade de uma milha marítima por hora. Um nó amarra o laço ou o lenço. Eu já tinha escrito há mais tempo, mas só agora cheguei ao arranjo certo. Mistura de viola caipira e guitarra hendrixiana. Pra quem gosta do nó que nos une, Pouca Vogal será um prato cheio.

POUCA VOGAL: escrevi um pouco para explicar o conceito, um pouco para falar da minha ida ao Rio de Janeiro e da volta à PoA. De lambuja, cita Piano Bar (uma canção dos EngHaw) e homenageia Kleiton & Kledir, que melhor souberam, até hoje, misturar regionalismo gaucho e música pop.

HG: Que tipo de reação vocês esperam dos fãs das bandas Engenheiros do Hawaii e Cidadão Quem?
AgAgê: Acho que o maior sinal de respeito de um artista em relação ao seu público é não pensar nele na hora em que cria. Eu não quero que os artistas dos quais eu gosto pensem em mim quando criam. Não quero que os políticos nos quais eu voto façam pesquisas pra saber como quero que eles falem e atuem. Fica parecendo um cão perseguindo o próprio rabo. Quero que
eles tenham A Visão e corram o risco de encontrar ou não quem se interesse por ela.

Resumir todas as pessoas que gostam do teu trabalho num estereótipo de “fã” também me parece grosseiro. Cada fã é fã da sua forma, com suas particularidades. Cada um tem seu caminho, sua maneira de passear pela obra. Não gosto que me vejam como produto, por isso não penso neles como consumidores. Obviamente será maravilhoso se todos gostarem de tudo. Se os
teatros estiverem todos lotados e as bocas todas sorrindo e pedindo bis. Caso esse mundo ideal não se concretize, estaremos tranqüilos por estar seguindo nossa Visão.

HG: A banda Engenheiros do Hawaii acabou?
AgAgê: Não. Pretendo voltar quando o Duca encher o saco de mim.

HG: Cidadão Quem acabou?
AgAgê: Que eu saiba, não.

HG: Gostaria de dizer algo mais?
AgAgê: Não sei por que, gostaria de dar nossas datas e locais de nascimento. Humberto Gessinger: Porto Alegre, 18:30h do dia 24 de dezembro de 1963. Duca Leindecker: Porto Alegre, 10:30h do dia 5 de abril de 1970.

Contato:
press@openartprodutora.com
51.3346.8386


Ficha Técnica


Duca mixando Pouca Vogal e eu pensando… quem conhece o Morro Dois Irmãos, cartão postal carioca, talvez não conheça Dois Irmãos, uma das primeiras cidades da colonização alemã no RS. E vice-versa.

Terá alguém ouvido os dois irmãos cantando “deu pra ti, baixo astral” no mesmo táxi em que Julio Iglesias e Bob Marley me davam razão? Duvido.

Imagine Piano Bar, Chega de Saudade e Samba do Avião num táxi fazendo Rio-PoA. Ou vice-versa.

Devo ser mais direto? Melhor deixar quieto.

Duca mixando e eu pensando… será que eu deveria ter cantado “séra” em vez de “serra”? Deveria ter cantado “fale” em vez de “vale”? Exagerar o sotaque dos colonos italianos e alemães que ocupam estes espaços do RS? Ao vivo, talvez.

Se eu tivesse diploma, faria um glossário Pouca Vogal. Polka : swing esquisito. Oriundi : descendente de italianos. Alles Blau : tudo azul.

Micuim : aquele bichinho chato da grama. Pingüim no litoral : juro que vi, em pleno carnaval.

Bobagem. Diploma por diploma, melhor aprender a mexer no ProTools pra não deixar o Duca mixando sozinho.

Já mixou. Agora tá masterizando e eu vendo a água tomar a cor do chá. Vontade de comer um pão com ximía de morango. O Google não me ensinou a grafia certa, será schimier? Geléia é mais fácil. Ximía (ou schimiere) é mais divertido.

3:30. Madrugada em PoA. Tá pronto. Espero que gostem. Se gostarem, me escrevam dizendo. Se não gostarem, escrevam pro Duca.

Gravamos ao vivo no estúdio Submarino Amarelo. Duca Leindecker produziu. Os técnicos de som foram Fernando Peters e Leandro Schirmer. O projeto gráfico PV é de Melissa Mattos e Luis Saguar. Jota Meira fotografou no estúdio Estação Elétrica e fez o meio-de-campo digital. Kami nos ajudou com o equipamento e Cláudio Mattos foi o assessor para assuntos percussivos. Gláucio Ayala nos colocou na www.

Como talvez só em Porto Alegre aconteça, a temperatura nesses poucos dias variou entre 0 e 100 graus (não sejamos literais). No estúdio o clima esteve sempre bom (literalmente). Muito chá, pouca cafeína. O quadro acima talvez explique o que (e como) estamos tocando.

Abraços, HG




Então ai está o "CD":

(2008) Pouca Vogal













01 - O Vôo do Besouro
02 - Depois da Curva
03 - Além da Máscara
04 - Na Paz e na Pressão
05 - Pouca Vogal
06 - Pra Quem Gosta de Nós
07 - Tententender
08 - Breve




A Rádio Rebelde de Roberto Marinho

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Para homenagear o DIA DO GAÚCHO - 20 DE SETEMBRO, o Durango-95 compartilha com seus amigos o raro CD Radio Continental - O Som Nosso de Cada Dia, que vem encartado no fascinante livro "Continental - A Rádio Rebelde de Roberto Marinho", escrito por Lucio Haeser. A história se passa nos anos 70, que foram os mais duros, cruéis e sangrentos da ditadura militar. O governo entupia o povo de mensagens ufanistas enquanto, nos porões, prendia, torturava e matava sem dó nem piedade. Os meios de comunicação tinham sua liberdade vigiada, qualquer informação ou música a ser transmitida passava pelo crivo implacável da Censura. Em Porto Alegre, no entanto, havia uma voz que enfrentava abertamente o poder estabelecido: a Rádio Continental AM, operando na frequência de 1120 Kilohertz.

A emissora, pertencente ao Sistema Globo de Rádio, foi dirigida entre 1971 e 1977 pelo publicitário Fernando Westphalen, o Judeu (foto abaixo), que corajosamente implantou uma programação arrojada, mesclando música e informação de qualidade e falando diretamente ao público jovem. Vários programas da Superquente, como era conhecida a Continental, maracaram época, entre eles o 1120 é Notícia, informativo que atacava e contestava as arbitrariedades governamentais com sarcasmo, ironia e inteligência - e que custou advertências e suspensões à emissora -, e o Mr. Lee In Concert, comandado por Julio Fürst, que passou a apresentar a novíssima música dos Pampas e revelou nomes como o grupo Almôndegas, do qual faziam parte os irmãos Kleiton e Kledir Ramil, e os compositores Nelson Coelho de Castro, Hermes Aquino e Bebeto Alves, todos em gravações exclusivas feitas, na maioria, nos estúdios da rádio.

Repleto de histórias curiosas e informações, o livro mostra, embasado em uma série de entrevistas e depoimentos e em farta documentação escrita, a ascenção e o declínio da Continental (que em 1980 sofreu intervenção dura da direção do Sistema Globo de Rádio, que implantou uma nova programação e pouco tempo depois mudou o nome da emissora para Rádio Globo), além de dar um abrangente panorama da música e da radiodifusão no Rio Grande do Sul.

A obra traz um CD encartado com algumas das gravações dos músicos gaúchos realizadas nos estúdios da emissora, entre elas a primeira versão de "Nuvem Passageira", canção de Hermes Aquino que fez sucesso em todo o país ao ser incluída na trilha da novela global O Casarão, em 1976, "Testamento", do poeta José Fogaça, atual prefeito de Porto Alegre (e ex-locutor da Continental), com os Almôndegas, e "Magricela", de Nelson Coelho de Castro, com o autor, além de uma faixa com vinhetas e aberturas de programas da Continental.

Uma obra indispensável para jornalistas, estudantes e professores de história, publicitários, músicos e toda pessoa que gosta de saber mais sobre o seu passado. O autor criou também um site que traz muitas informações sobre a rádio, o www.continental1120.com.br .

A seguir o próprio autor descreve a saga.

Continental - A Rádio Rebelde de Roberto Marinho, lançado pela Editora Insular em 29 de novembro de 2007 na Livraria Cultura de Porto Alegre é ma idéia que nasceu em novembro de 2001, quando morava em Florianópolis, e começou a ser colocada em prática poucos meses depois, em um contato com Francisco Anele Filho.

A idéia era escrever um livro sobre a Rádio Continental e encartar um CD com as gravações dos músicos gaúchos que a rádio produzia e rodava. Àquela altura, eu sequer sabia se as fitas existiam. Poucas rádios preservam a sua história. Ainda mais uma emissora que havia mudado de administração e de programação em 1980 e trocado de dono em 1986.

Mas a história da Continental é especial. Monsieur Anele tinha as gravações dos músicos porto-alegrenses que rodavam nos anos 70 na Rádio Continental - 1120 AM - A Superquente. E ele se dispôs a abrir o baú. Graças, Anele.

Graças também a Júlio Fürst, o Mr. Lee, - que foi o primeiro guardião das fitas - um importante capítulo da história da música de Porto Alegre está preservado. E pode voltar a emocionar todos os ouvintes da Continental e ser melhor conhecido pelas novas gerações. Um CD será encartado no livro. Mas aqui no site é possível ouvir alguns áudios clicando no menu à direita da página inicial. São vinhetas da Continental e trechos de músicas. Também a Rádio Sem Fronteiras roda músicas do movimento gaúcho. É só clicar no seu player favorito.

Além da história ligada à música de Porto Alegre, a Continental vinha, desde 1971, num embate com a ditadura militar. Dirigida por Fernando Westphalen, o Judeu, a rádio coleciona punições, ameaças da ultradireita, e várias "visitas" são feitas por diretores e redatores à sede da Censura para explicações sobre os textos.

Uma história puxa a outra, e as entrevistas e buscas de documentos são feitas ao longo de seis anos. Nas horas de folga , é claro, mais fins de semana e férias. Foram ouvidas 90 pessoas, algumas várias vezes. Até o momento final da entrega do texto para a editora, agora morando em Brasília, estava descobrindo coisas. Portanto, não é uma história acabada. Muito ainda há que se escrever sobre a Continental. Mas há muitas e boas histórias que justificam a publicação. A mudança para Brasília foi providencial: aqui consegui documentos inéditos sobre a 1120. O arquivo do SNI sobre a rádio.

Virei ouvinte da Continental no fim de 1972, com 13 anos recém-completos. Fazia um esforço danado para ouvi-la. Na região onde morava, em Santa Cruz do Sul, pegava muito mal. O sinal era fraco, mas audível. E valeu muito a construção de uma antena.

Ao iniciar o trabalho, queria saber que fim tinham levado as gravações originais da 1120.

Não me conformava com o fato de que nunca mais iria ouvir aquelas fitas.

Enfim, assim como eu tenho as minhas lembranças da Continental, sei que milhares de outras pessoas têm as suas. Muito mais intensas, certamente. Então é hora de conhecer um pouco mais estas histórias. De um tempo em que os jovens tinham "a sua rádio" com muito orgulho.

Espero que gostem. Tanto quem conheceu como quem nunca ouviu falar da Rádio Continental de Porto Alegre. Foi o que sempre desejei durante a realização do trabalho.

Lucio Haeser
Outubro de 2007


>>>Adaptado por RamonR do texto de Toninho Spessoto - Pesquisador musical.
>>> O livro pode ser encontrado nos sites de venda online por R$40,00.


FAIXA A FAIXA por Emilio Pacheco

1 - "Testamento" - Almôndegas

Composição do atual Prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, que também é autor de "Vento Negro", um dos grandes sucessos do primeiro LP dos Almôndegas (e de muitas outras letras musicadas por parceiros diversos e gravadas por intérpretes como MP4, Nara Leão e Fafá de Belém). "Testamento" nunca havia sido lançada em disco. Imaginava-se que poderia entrar no terceiro LP dos Almôndegas, já que a Continental a tocava bastante em 1976, juntamente com as também inéditas "Piquete do Caveira" e "Alhos com Bugalhos". As duas últimas entraram no disco, mas "Testamento" ficou de fora. Sai agora, finalmente, com o livro. Essa gravação foi feita no estúdio 2 da rádio e a formação dos Almôndegas era: Kleiton (violão), Kledir (violão e vocal solo), Quico Castro Neves (violão), João Batista (baixo) e Gilnei Silveira (percussão). Dizem que Zé Flávio também participou da gravação, mas nessa época ele ainda não pertencia aos Almôndegas e sim ao Mantra. A música é uma bonita homenagem de Fogaça a seu filho: "Um pouco da minha morte / No teu corpo eu plantei / Pouco importa tua estrada / De vagabundo ou de rei / Na tua barba que é a minha / No teu sexo que é o meu / No teu sonho eu viverei".

2 - "Machu Picchu" - Hermes Aquino

Essa era a música mais conhecida de Hermes Aquino em Porto Alegre antes de ele estourar com "Nuvem Passageira". Quando o noticioso "1120 é Notícia" anunciou no começo de 1976 que Hermes estava indo a São Paulo para gravar seu compacto pela Tapecar, já avisou que uma das faixas seria "Macchu Picchu". Ela viria a ser o lado A do disquinho, mas quando o lado B entrou numa novela, a história tomou um novo rumo. Mais sobre isso adiante. No CD está a gravação que a rádio tocava com exclusividade para os ouvintes, registrada ao vivo no primeiro concerto coletivo "Vivendo a Vida de Lee" em 1975, no Teatro Presidente.

3 - "Aos Anos 70" - Utopia

Composição que virou uma espécie de hino daqueles tempos em Porto Alegre: "Anos 70 que serão dez... anos 70 que serão dez..." O Utopia era o grupo de Bebeto Alves (naquela época conhecido como Bebeto "Nunes" Alves) e os irmãos Ricardo Frota no violino e Ronaldo Frota no violão. A gravação é de 1975.

4 -"Magricela" - Nélson Coelho de Castro

Nélson Coelho de Castro estreou na Continental em 1976, depois de participar do Musipuc daquele ano com "Versos de Proa". Mas "Magricela" só entrou na programação no ano seguinte, não mais no programa de Mr. Lee, que havia terminado, mas sim no "Mestre Júlio" às 6 da tarde. Essa música também é conhecida de quem assistia ao Portovisão, na TV Difusora, Canal 10. O apresentador Fernando Vieira mostrava um tape (na época ainda não se dizia clip) em que Nélson e o grupo Olho da Rua interpretavam a música ao vivo no estúdio. A música é cantada por Nélson e sua irmã Suzana. Nessa época eles sempre faziam dueto. Nélson viria a lançar vários discos em vinil e CD, mas "Magricela" está sendo lançada pela primeira vez com o livro.

5 - "Terras Estranhas" - Inconsciente Coletivo

O Inconsciente Coletivo durou pouco, mas deixou saudade. As violas e belas harmonias vocais de Alexandre Vieira, João Antonio Araújo e Ângela Langaro faziam desse grupo um dos mais queridos dos programas de Mr. Lee. Depois entrou Calique Ludwig no baixo. Eles chegaram a lançar um compacto simples pela Tapecar em 1976 com "Voando Alto" e "Fadas Douradas", mas a produção descaracterizou completamente o som acústico do conjunto. O grande momento do Inconsciente Coletivo foi o show "Sul, Primeiros Passos", apresentado no primeiro semestre de 1977 no auditório da Assembléia Legislativa, numa fria noite de segunda-feira. Ali, além de mostrar composições próprias, homenagearam colegas do movimento musical gaúcho, antecipando o modismo do "show de tributo". Reforçados por Fernando Pezão na bateria, o grupo interpretou, entre outras, "Guantanamo" de Hermes Aquino, "Em Meio aos Campos" de Fernando Ribeiro (com vocal solo de Ângela), "Daisy My Love" dos Almôndegas (com vocal solo de Calique), "Rei" do Hallai Hallai (com vocal solo de João Antônio), "Azulão" de Carlinhos Hartlieb e "Portas e Janelas" de Zé Flávio (com vocal de Fernando Pezão). Alguém tem esse show em fita? Eu quero cópia! "Terras Estranhas" entra no CD na gravação do estúdio 2 da rádio, com Alexandre, João Antônio e Ângela (ou Xandy, Tonho e Anginha, como viriam a ser creditados no compacto da Tapecar). Finalmente o som do Inconsciente Coletivo está sendo lançado em disco em sua versão pura e acústica, sem pasteurizações.

6 - "Margarida do Brejo" - Zé Flávio e Mantra

Mesmo antes de entrar para os Almôndegas em 1977, Zé Flávio era uma lenda do rock gaúcho como "guitar hero" do grupo Mantra (e também autor de três sucessos de seu futuro grupo: "Sombra Fresca e Rock no Quintal", "Amor Caipira e Trouxa das Minas Gerais" e o sucesso nacional "Canção da Meia-Noite"). "Margarida do Brejo" conta a divertida história de uma fã que sempre dava um jeito de assistir aos ensaios do Mantra.

7 - "Pense" - Status 4

Esse era o antigo nome do atual grupo vocal negro Status, que mantém dois integrantes da formação original. Quem ainda não ouviu o CD "Velhos Amigos" não sabe o que está perdendo. Hoje são três vozes masculinas, mas nos anos 70 o "Status 4" era formado por dois rapazes e duas moças. São as quatro vozes que se ouvem nessa gravação do estúdio 2 da Continental. Por sinal, essa música também foi gravada pelo grupo para o quadro de Fernando Vieira no Portovisão, na TV Difusora.

8 - "Advertência" - Bizarro

O Bizarro era uma das bandas de rock pesado de Porto Alegre nos anos 70. "Advertência" é de autoria do guitarrista Carlinhos Tatsch. Integraram a banda também o baterista Gélson Schneider, o baixista Mário Monteiro e depois Mitch Marini. Soube pelo Carlinhos que Mitch faleceu de câncer no começo do ano. Pelos meus cálculos, devia ter menos de 50 anos.

9 - "Rei" - Hallai Hallai

Outro inesquecível grupo vocal daquela época. Sua contratação pela Tapecar chegou a ser anunciada juntamente com a do Inconsciente Coletivo em 1976, mas o disco nunca saiu. Somente em 1983 lançaram um compacto simples independente com as músicas "Meu Lugar" e "Segurando o Vento". Em 1986, gravaram um LP pelo selo 3M com o nome de "Hallai", mas o som do grupo estava muito mudado (leiam sobre isso aqui). O Hallai Hallai de que todos temos saudade é mesmo o de 1976 e é esse que estará no CD. Alguns ex-integrantes do grupo estão hoje na banda Cavalo Doido. O Hallai Hallai tem uma comunidade no Orkut.

10 - "Monumento à Poluição" - Gilberto Travi e Cálculo IV

Esse é o mesmo Gilberto Travi que depois integraria os Discocuecas. Nessa época ele já tinha uma veia humorística, mas gostava também de compor músicas de otimismo e crítica ao cotidiano. "Monumento à Poluição" era uma das mais tocadas no programa de Mr. Lee em 1976: "Lá na minha rua tem uma baita chaminé / Que grandalhona que ela é / E larga uma fumaça que mata até bicho do pé (...) / Por isso minha gente preste muita atenção / Quando passarem por essa chaminé / Muito respeito porque ela é / Um monumento à poluição." Quando a Warner chegou ao Brasil no mesmo ano, tentou contratar Gilberto Travi como solista, mas ele se via como integrante de um grupo e só aceitaria se os músicos do Cálculo IV também entrassem. O contrato acabou não saindo.

11 - "Aonde Vai Você?" - Cláudio Vera Cruz

Antes de entrar para a programação da Continental, essa música havia sido divulgada num clip especialmente produzido para o "Transasom" de Pedrinho Sirotsky em 1977. Inclusive, ela foi anunciada com seu título completo: "Aonde Vai Você, Vendedora de Rapadura". Já na Continental, no programa de "Mestre Júlio", o mesmo áudio (gravado no estúdio da antiga Isaec, na Senhor dos Passos) foi divulgado com o nome encurtado para "Aonde Vai Você". Essa bonita composição de Cláudio Vera Cruz com letra de Paulinho Buffara chegou a ser lançada em disco pelo Impacto, com vocal do baixista Vasquez. Agora teremos a gravação original de Cláudio Vera Cruz no CD do livro.

12 - "Flor de Klô" - Simbiose

Linda composição acústica de Rogério Lauda com vocal de Zezinho Athanásio, o mesmo que depois se lançaria para todo o Brasil como o roqueiro Joe ("Já Fui" e "Me Leva Pra Casa"). Aqui ele canta num registro bem alto, quase um falsete, lembrando Ney Matogrosso e também Beto Guedes da fase "A Página do Relâmpago Elétrico". Essa é uma de minhas preferidas do CD. Um dia em 1977 eu tinha ido à Continental para tratar de algum assunto envolvendo o meu irmão (João Carlos Pacheco, que era locutor da rádio), quando fui chamado para pedir uma música para o programa "Participarada". Tive que escolher de uma lista, mas quando vi "Flor de Klô" (foi ali que fiquei sabendo que era com "K"), não tive dúvidas. Depois ouvi minha voz gravada no ar: "Eu queria ouvir na Participarada, com Simbiose, 'Flor de Klô'". Pena que não gravei.

13 - "Sonho" - Toneco

Toneco era mais conhecido como o exímio violonista do grupo que acompanhava Fernando Ribeiro, mas ele também canta - e muito bem. Será um prazer ouvir a voz dele no CD além, é claro, de seu bem executado violão.

14 - "Nuvem Passageira" - Hermes Aquino

Essa não é a gravação que o Brasil todo conheceu a partir da novela "O Casarão" e sim o registro feito no estúdio 2 da Continental. O ruído de vento que entra e sai foi tirado de um disco de efeitos sonoros. Quem poderia imaginar, naquele momento, que essa música seria um dos maiores sucessos de 1976 em todo o Brasil, chegando a ser citada na revista americana Billboard (como "Hermes de Quino")?

15 - "Novo Lugar" - Inconsciente Coletivo

Na época eu ouvia essa música, mas não sabia o nome. Era uma de minhas preferidas do Inconsciente Coletivo, num clima envolvente e melancólico. Faltou dizer lá em cima que João Antônio Araújo passou pelos Discocuecas como "Toninho Badaró", foi locutor de rádio (um dos primeiros da Cidade de Porto Alegre), garoto propaganda do Tevah e atualmente é um dos donos do Abbey Road, onde ainda toca. Xandy é proprietário do Sgt. Pepper's e também continua fazendo música. Ângela é psicóloga.

16 - "Portas e Janelas" - Zé Flávio e Mantra

Um blues típico do grupo de Zé Flávio, inclusive citando Porto Alegre na letra. Uma curiosidade: o baterista do Mantra era Fernando Pezão, que depois passaria por Inconsciente Coletivo (show "Sul, Primeiros Passos", citado acima), Almôndegas (somente em shows), Saracura, Discocuecas até chegar nos Papas da Língua, onde está hoje.

17 - "De Manhãzinha" - Utopia

Mais uma do grupo de Bebeto "Nunes" Alves e os irmãos Frota.

18 - "Arquivo Continental 1120" - Eu sei que, para muita gente, esta parte final é a mais esperada do CD: vinhetas exclusivas da rádio. O que teremos aqui? Bem que eu gostaria de divulgar em primeira mão, mas quem está preparando tudo é o técnico de som Francisco Anele Filho, o "Monsieur Anele", como Cascalho o chamava. Estou torcendo para que entre a característica do "1120 é Notícia" e também a música de fim-de-ano de 1976: "Os tempos andam meio tristes / E a incerteza vai continuar / Você que é jovem se console / Pois tem tempo pra esperar / Talvez dê em nada, talvez seja igual / Mas é ano novo, creia / É tempo bastante pro mundo mudar".


Baixe o disco:



Izmália - Quase Não Dói

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Esta Terra Tem Dono

PhotobucketHá três séculos, os índios das Missões plantavam para subsistência e vendiam o excedente. Hoje, só plantam para subsistência. Mas vendem artesanato, acreditam em Jesus Cristo e habitam um pedaço de terra equivalente à quinta parte do que têm, juntos, os dois candidatos a prefeito de São Miguel das Missões.

É provável que os guaranis não façam diferença em 5 de outubro: são 209 os descendentes de Sepé Tiaraju no município, incluindo bebês e crianças, além de jovens como Graziela, Giana, Martim e Daniel, que poderiam votar, mas não fazem questão.

Também poderiam estudar. Mas não fazem questão.

Os guaranis de São Miguel das Missões moram na aldeia Tekoá Ko’ënjú, a 30 quilômetros da cidade e das ruínas de seus antepassados. Têm nomes e sobrenomes brancos, por influência ou imposição. Como seus antepassados não escreviam – ao contrário dos brancos –, desconhecem o motivo da afluência ao local onde vendem artesanato. Já os turistas que visitam o sítio arqueológico dão pouca atenção ao artesanato dos guaranis.

Ou seja: o cartão-postal do Rio Grande do Sul recebe turistas brancos que pagam R$ 5 para fotografar restos do artesanato de guaranis de três séculos atrás, enquanto, no caminho, passam por guaranis que continuam fazendo artesanato. Os guaranis, por sua vez, ignoram a razão da afluência branca ao sítio, erguido pedra a pedra por seus antepassados, e seguem fazendo artesanato em troca da esmola dos brancos que os ignoram.

Jovens guaranis deixam de estudar para ajudar a família

Para chegar às ruínas, os guaranis de Tekoá Ko’ënjú pegam o ônibus que passa às terças e quintas na aldeia. A passagem custa R$ 7. A fim de economizar, os guaranis criaram um sistema: a cada semana, um grupo de oito ou nove embarca no ônibus para São Miguel. Os oito ou nove ficam por lá uma semana. Após, são substituídos.

Com o dinheiro que ganha na venda do artesanato, o grupo que volta passa no mercado e compra arroz, feijão e uma carninha. O arroz, o feijão e a carninha se somam ao milho, à mandioca e à melancia que os guaranis cultivam – mas não vendem – em 237 hectares. A cada dois meses, a Funai também manda um pouco mais de arroz e feijão.

Existe uma escolinha para as crianças dentro da aldeia. Ajuda a alfabetizar. Mas só isso. Quando crescem, as crianças devem optar entre continuar estudando numa escola distante ou vender artesanato nas ruínas. Ficam com a segunda alternativa.

Candidatos não visitam aldeia

Os guaranis já não comercializam o excedente da lavoura, como há três séculos, mas tiram do artesanato algum dinheiro, suficiente para comprar coisas como antenas parabólicas. Daí que os jovens guaranis que deixam de estudar para ajudar os pais a vender artesanato nas Missões acabam sem saber quem foi Sepé Tiaraju, mas assistem ao Shrek via satélite.

Enquanto a valentia de Sepé não cansa de ser lembrada – mais ainda em campanha eleitoral –, guaranis que têm título de eleitor, como Mariano Aguirre, 47 anos, e os que sequer sabem onde guardam a certidão de nascimento, como Augustina Benítez, 56, formam um tipo de consenso diferente daquele que os uniu na Guerra Guaranítica do século 18: hoje, estão dispostos a não ir votar, porque a urna é longe. Eles vêem pouco sentido no voto e também não conhecem os candidatos. Por sua vez, os candidatos, que não visitam a aldeia, parecem pouco se importar.


As Missões
Conheça um pouco mais sobre a história da região:
> As missões jesuíticas no Rio Grande do Sul, erigidas por ordem da Espanha a partir de 1682, tinham o objetivo de frear o avanço português nos domínios espanhóis. Nas missões, os padres catequizaram e organizaram os índios, construindo o que eles pretendiam que fosse a perfeita comunidade cristã.

> Auto-suficientes, os seis povos das missões (se tornariam sete com a fundação de Santo Ângelo) eram quase uma nação independente.Os padres respondiam apenas ao seu superior, nomeado pela Companhia de Jesus, em Roma.

> As missões seguiam um plano básico fixo, começando com a construção de uma cruz de madeira. Podiam abrigar até 7 mil pessoas.

> Em 1750, a Espanha trocou com Portugal as missões por Colônia de Sacramento, no atual Uruguai. Os índios guaranis, porém, se recusaram a deixar suas terras. A Guerra Guaranítica, entre os índios e tropas espanholas e portuguesas, legou ao Estado um herói guarani chamado Sepé Tiaraju. É atribuída a ele a expressão "esta terra tem dono".
SÃO MIGUEL DAS MISSÕES
População: 7.382 (contagem de 2007)
Eleitores: 5.974
Área: 1.230 quilômetros quadrados
Agências bancárias: 1
Distância de Porto Alegre: 483 quilômetros


MARCELO FLEURY

Fonte: Zero Hora, 18 de setembro de 2008 | N° 15730

Nirvana

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O Nirvana é uma banda de Grunge fundada em 1987 em Aberdeen, Washington. A sua música foi inspirada no Punk Rock, no Rock Alternativo, no Hard Rock e foi chamada Grunge pela imprensa e meios de comunicação da época. O grupo se desfez em 1994 com a morte de seu líder e vocalista, Kurt Cobain. Muitos críticos e historiadores aclamam a banda como sendo a mais representativa da década de 90. O Nirvana vendeu mais de 50 milhões de álbuns no mundo todo.

Em 1984, Kurt Cobain fortalece a amizade com um rapaz muito alto chamado Krist Anthony Novoselic. Os dois se conheciam de vista da escola e de ensaios dos Melvins (banda muito conhecida no cenário local). Mas começam a se entrosar quando tocam juntos em alguns ensaios sem compromisso. Mesmo assim, Novoselic não se empolgou imensamente com a idéia de participar de uma banda com Kurt.

Em maio de 1985, Kurt abandona a escola um mês antes de se formar. Em dezembro, Kurt finalmente leva em frente sua primeira banda e lhe dá o nome de Fecal Matter. Tocam com ele Dale Crover no baixo e Greg Hokanson na bateria. A primeira fita do Fecal Matter é registrada ainda naquele mês. Kurt e Crover viajam de Aberdeen a Seattle para usar o gravador de quatro canais de Mari, tia de Kurt. A banda iniciante também faz um pequeno show em Aberdeen, abrindo para os Melvins.

Em 1986, o Fecal Matter se desintegrava. Kurt continua brincando de rock em jams com vários colegas. Novoselic passa a ser um companheiro mais freqüente de ensaios, tocando seu baixo. O primeiro nome da banda é Stiff Woodies. Depois, para ganhar uns trocados em bares, eles atuam com o nome de The Sellouts, fazendo covers de Creedence Clearwater Revival. Kurt toca bateria, Novoselic toca guitarra e canta, e um certo Steve Newman assume o baixo.

Em janeiro de 1987, Aaron Burckhardt passa a ser o baterista fixo do trio que seguirá mudando de nome até 1988: Skid Row, Bliss, Throat Oyster, Pen Cap Chew e Windowpane. Em 17 de abril, com o nome de Skid Row, o trio toca ao vivo na rádio comunitária KAOS, na Evergreen State College, em Olympia. A apresentação se transforma na primeira fita demo da banda. Em outubro, Aaron sai da banda, que passa a ensaiar com Dale Crover, que integrava os Melvins. É uma solução breve, apenas para a gravação de uma fita demo decente em um verdadeiro estúdio. Em setembro, Kurt começa seu primeiro namoro firme com Tracy Marander. Ele vai morar com ela. De paixão, iam bem. Mas a falta de asseio e a ociosidade de Kurt começam a criar atritos.

Em 23 de janeiro de 1988, Cobain, Novoselic e Crover gravam no Reciprocal Studios, em Seattle, com o produtor Jack Endino, que abriu o local em 1986. O trio sem nome definido grava dez músicas em seis horas. Naquela noite, a banda se apresentaria com o nome de Ted Ed Fred em Tacoma, cidade vizinha. Em Fevereiro, Jonathan Poneman, da Sub Pop, ouve a fita demo depois de um toque de Jack Endino e gosta. Marca uma conversa com Kurt Cobain em um café em Seattle. Os dois acertam a gravação de um compacto. Em março, a banda escolhe seu nome definitivo, Nirvana, que é usado pela primeira vez num show em Tacoma, com Dave Foster na bateria. Ele logo seria dispensado. Em maio, Chad Channing assume o posto de baterista definitivo. Em junho, o Nirvana grava músicas para seu primeiro compacto pela Sub Pop. “Love Buzz/Big Cheese” saiu em novembro.

O interesse por um álbum crescia, não só na banda, mas também nos funcionários da Sub Pop. As sessões finais de gravação para o disco de estréia da banda aconteceram em dezembro de 1988. Em fevereiro de 1989, Jason Everman é escalado como segundo guitarrista da banda e faz sua estréia em um show na Universidade de Washington. Amigo de Chad Channing, Everman emprestou 600 dólares para pagar o tempo de estúdio das gravações de "Bleach" - a título de curiosidade, Jason nunca chegou a ser reembolsado. Embora não tocasse no disco, seu nome foi impresso na capa como membro da banda e segundo guitarrista. Em 15 de junho, o trabalho é finalmente lançado pela Sub Pop.

Com o lançamento de Bleach, a banda realiza a sua primeira turnê pelos Estados Unidos - toca em cidades como Chicago, Filadélfia, Cincinnati, Nova York, e faz o último concerto da excursão em Denver, em 11 de Outubro. Durante a turnê, em Agosto, grava duas novas canções para seu EP "Blew" no Music Source Studios, em Seattle, com o produtor Steve Fisk. Naquela época, Jason Everman foi dispensado da banda.

De outubro a dezembro, o grupo voa em direção à Europa e faz a primeira turnê européia, junto com a banda Tad, também da Sub Pop. O interesse do continente pelo som de Seattle foi tanto, que antes mesmo do Nirvana lançar seu primeiro álbum, a Sub Pop lançava a coletânea "Sub Pop 200", em dezembro de 1988, que contava com gravações das principais bandas do selo independente. O Nirvana contribuiu com a faixa “Spank Thru”. "Sub Pop 200" lançou o rótulo grunge e atraiu a atenção da imprensa musical britânica, que tratou de espalhar para o resto do mundo que uma cidade chuvosa dos Estados Unidos era a nova “salvação” do rock.

Naquela turnê, o Nirvana tocou em lugares importantes como Alemanha, Holanda, Áustria, Suíça, Reino Unido, França e Itália. Ainda em dezembro, finalmente o EP "Blew" sai no Reino Unido pela gravadora Tupelo. Ao regressar para os EUA, Krist Novoselic se casa no dia 30 com Shelli, sua namorada desde março de 1985.

1990 chega e muita coisa foi feita naquele ano. Nos dias 02 e 03 de janeiro, a banda entra nos Reciprocal Studios com Jack Endino para gravar e mixar apenas uma música: “Sappy”. A gravação nunca foi lançada oficialmente - ela só seria refeita em 1993 e lançada como faixa secreta na coletânea de vários artistas "No Alternative", sob o título mais conhecido de “Verse, Chorus, Verse”.

De 02 a 06 de abril de 1990, a banda grava com o produtor Butch Vig nos Smart Studios em Madison, Wisconsin. Pelos planos, seria o começo do segundo álbum da banda para a Sub Pop. Quem indicou Vig e seu estúdio foi um dos donos da Sub Pop, Jonathan Poneman. Ainda em abril, Kurt e Tracy terminam o namoro. De maio a novembro, Kurt namora Tobi Vail, da banda Bikini Kill, após um ano de amizade. Ainda em maio, Chad Channing é dispensado da banda. Insatisfação e falta de empolgação por parte do baterista se juntaram à falta de pegada que os outros dois vinham sentindo.

Em 11 de julho, com a ajuda de Dan Peters, baterista do Mudhoney, a banda grava “Sliver” em um intervalo da banda Tad, nos Reciprocal Studios. Em menos de uma hora, o Nirvana liga seus instrumentos nos amplificadores do Tad, passa a música duas vezes, desliga tudo e libera o estúdio, antes da volta da outra banda. Cobain gravaria os vocais no dia 24 de julho.

De julho a setembro, Kurt e Novoselic estavam tão insatisfeitos com a falta de atenção e os poucos cuidados da Sub Pop que enviam a fita demo feita em abril para várias gravadoras grandes. Muitas demonstram interesse, e a banda passa a estudar propostas.

Em setembro, o baterista David Eric Grohl fica sem banda com o fim do Scream, um grupo de hardcore punk baseado em Washington D.C., a capital dos EUA, do qual fazia parte. Como Cobain e Novoselic já tinham arregalado os olhos com Grohl em um show do Scream e conversado com ele, nada mais adequado que ele fizesse um “teste” para a vaga aberta. Grohl passa com louvor - com tanto louvor, que Cobain comenta com Novoselic que haviam acabado de encontrar “o melhor baterista do mundo”.

Um novo compacto - “Sliver / Dive” é lançado em Setembro pela Sub Pop. Em 11 de outubro, Dave Grohl realiza seu primeiro show com o Nirvana, no Noth Shore Surf Club, em Olympia, Washington. Naquele ano e até aquele concerto, a banda havia realizado cerca de trinta espectáculos pelos EUA. O dia 20 marca o retorno da banda à Europa para a realização de mais cinco shows, todos no Reino Unido. Chegando à Londres, a banda faz nova sessão para o programa do famoso radialista John Peel. O último concerto realizado no Reino Unido foi dia 27 de Outubro. Em Novembro, a banda já estava de volta à Seattle e assina contrato para ser empresariada pela firma Gold Mountain, que também administra a carreira do Sonic Youth e de outras grandes bandas mais comerciais.

1991 chega para entrar definitivamente na história da música como início de uma nova era do rock and roll. Em Janeiro, Kurt faz os primeiros esboços de sua canção mais famosa, “Smells Like Teen Spirit”, que é tocada pela primeira vez em 17 de Abril em um concerto no OK Hotel, em Seattle.

Em 30 de Abril, após meses de negociação, a banda por fim assina contrato com o selo DGC, da gravadora Geffen, e recebe um adiantamento de 290 mil dólares. A Sub Pop leva uma indenização de 75 mil e garante para si uma pequena percentagem sobre as vendas dos dois primeiros álbuns dos Nirvana pela Geffen.

Entre Maio e Junho, a banda grava o segundo álbum de sua carreira (e o primeiro por uma gravadora grande), "Nevermind". As sessões são nos Sound City Studios, em Van Nuys, Califórnia. O produtor é Butch Vig, baterista da banda Garbage, e o mesmo produtor das gravações feitas em Abril de 1990, que seriam para a Sub Pop. A mixagem final do disco fica com Andy Wallace. Apenas a faixa “Polly” não foi gravada nos Sound City Studios - foi gravada naquele Abril de 1990 no Smart Studios, em Wisconsin.

Entre Agosto e Setembro, a banda viaja novamente para a Europa para a realização de uma nova turnê européia abrindo para o Sonic Youth, e participa até do Reading Festival. Em 3 de Setembro, mais uma sessão é gravada no programa do radialista John Peel. No dia 10 do mesmo mês, o single de “Smells Like Teen Spirit” é lançado. E finalmente no dia 24, sai Nevermind, com primeira prensagem de 50 mil cópias.

Em 12 de Outubro, o vocalista Kurt Cobain e Courtney Love iniciam uma relação amorosa, após um show do Nirvana em Chicago. Ainda em Outubro, depois de um mês de lançamento, Nevermind chega a 500 mil cópias vendidas (um número que a Geffen previa atingir, com muita sorte, em um ano ou até mais) e alcançara a marca de disco de ouro (de acordo com os padrões da indústria musical dos Estados Unidos). Notando um aumento de pedidos, a emissora musical MTV decide exibir com maior frequência o clipe de “Smells Like Teen Spirit” ao longo de cada dia.

Em Novembro, após cinco meses subindo, Nevermind se coloca entre os dez primeiros na parada de álbuns da revista Billboard. Em 16 de novembro, é o nono. Na semana seguinte, pula para quarto lugar. Em dois meses nas lojas, o álbum chega a 1,2 milhões de cópias vendidas. De Novembro a Dezembro, mais uma turnê europeia é realizada.

Em 11 de Janeiro de 1992, depois do impulso das vendas de Natal, Nevermind conseguiu tirar Dangerous, do Michael Jackson, do topo das paradas. Após pouco mais de três meses, o álbum vendeu duas milhões de cópias (o equivalente a dois discos de platina). No mesmo dia em que tem a confirmação de que chegou ao topo dos tops, o Nirvana se apresenta ao vivo no mais famoso programa humorístico da TV norte-americana, o Saturday Night Live.

Em Março, Kurt exige renegociação da divisão de direitos autorais, alegando que compõe quase tudo de cada música da banda. Os outros membros do grupo ficam bastante contrariados e ressentidos e a banda fica bem perto de acabar. Mas o novo acordo acaba saindo. O que era dividido em três partes iguais passa a ser fracionado em 90% para Cobain e os 10% restantes para os outros dois.

Na primeira quinzena de Agosto o vocalista da banda Kurt Cobain é internado no hospital Cedars-Sinai de Los Angeles, para tratamento de desintoxicação, numa tentativa de se livrar do vício em heroína que o atormentava.

Em 18 de Agosto, nasce Frances Bean Cobain, filha de Kurt. Love dá à luz no mesmo hospital em que Kurt estava internado desde o começo do mês para se desintoxicar. Em 09 de Setembro, a banda se apresenta ao vivo na cerimónia de entrega dos MTV Awards em Los Angeles. A emissora proíbe a banda de tocar uma música nova, “Rape Me”, por conter a palavra “estupro”. Já no palco, Kurt chega a tocar os primeiros acordes dela, no entanto acaba por mudar para “Lithium”.

Em 11 de Setembro, sem ver o pai pessoalmente desde meados da década de 80, Kurt se encontra com Don Cobain nos camarins de um concerto dos Nirvana, no Coliseum de Seattle. Uma reunião fria e tensa. Kurt diz ao pai que não o odeia mais, e coloca isso na música “Serve the Servants”, gravada no ano seguinte.

Nos dias 24 e 25 de Outubro, no estúdio Word of Mouth (novo nome dos Reciprocal Studios), em Seattle, a banda grava com o produtor Jack Endino as bases de músicas para o próximo álbum. Em 30 de Outubro, visita a América do Sul pela primeira vez e faz um show na Argentina, no estádio do Vélez Sarsfield, em Buenos Aires. A plateia de 50 mil pessoas, ansiosa por ver o Nirvana, vaiam o concerto de abertura da banda americana feminina Calamity Jane, convidada para a viagem. Quase como pequena vingança a banda na sua apresentação toca várias músicas desconhecidas e deixa o grande sucesso “Smells Like Teen Spirit” de fora. Esse concerto foi classificado por Novoselic como o “eterno ensaio”.

Em 15 de Dezembro, é lançado o disco "Incesticide" pela DGC/Geffen, para encobrir a ausência de um álbum com músicas inéditas em 1992. O disco é uma coletânea de faixas lançadas em compacto ou registradas em fitas demo, desde os tempos da Sub Pop. Alcançou boas vendas e o anúncio do disco para a imprensa foi escrito pelo próprio Kurt Cobain.

Janeiro de 1993 chega e a banda visita o Brasil. A banda faz dois shows no festival Hollywood Rock, o primeiro em São Paulo, no estádio do Morumbi no dia 16. Depois de uma apresentação totalmente inusitada para um público de mais de 100 mil pessoas, o maior da história da banda, Kurt Cobain e Courtney Love decidem curtir as loucuras da noite de São Paulo juntamente com o cantor punk brasileiro João Gordo e outros amigos.

Gordo havia conhecido Dave Grohl anteriormente em um festival de música na Holanda e essa foi a chave para o cantor se enturmar com toda a banda. No dia 22, o Nirvana já estava no Rio de Janeiro e ensaia e grava algumas demos nos estúdios da BMG. O improviso “Gallons of Rubbing Alcohol Flow Through the Strip” acabaria lançado como faixa-bônus nas versões não-americanas do álbum In Utero.

Dia 23 foi o dia do show na Praça da Apoteose do Sambódromo do Rio. Com um set-list imenso, o concerto começou com Sliver, Drain You e Breed na sequência, mas a meio da apresentação Kurt entusiasmou-se e durante a até então inédita Scentless Aprentice desceu do palco, cuspiu nas câmeras da Rede Globo que transmitia o evento e simulou masturbação diante delas. No fim do show, Cobain, visivelmente esgotado, saiu do palco engatinhando. Bandas como Alice in Chains, L7 e Red Hot Chili Peppers também tocaram no Hollywood Rock.

Courtney Love lembra que a última vez que viu Kurt sorrindo de verdade, foi enquanto estiveram no Brasil. O casal pulou de asa-delta, descobriu as bizarrices do centro de São Paulo, Kurt deu entrevistas para fanzines e pôde trocar de instrumentos durante o show na capital paulista (show que até hoje não é circulado na íntegra, e por isso é um dos mais procurados pelos fãs da banda), além do tradicional quebra-quebra de instrumentos promovido pelo vocalista, em um show completamente fora dos padrões. Apesar dessa informação de Courtney, Cobain sofria muito com a abstinência da heroína, pois no Brasil a droga não era facilmente encontrada.

De volta aos Estados Unidos, entre os dias 14 e 24 de Fevereiro sessões do álbum "In Utero" foram gravadas nos Pachyderm Studios, montados pelo produtor e músico Steve Albini em uma casa em Cannon Falls, um lugarejo de cerca de 3000 habitantes ao norte de Minneapolis, Minnesota.

Em 23 de Março, o vocalista da banda Kurt Cobain e sua esposa ganham o litigio que tinha com a justiça, que lhes restabelece a guarda da filha e libera o casal da obrigação de fazer testes de detecção de droga no sangue. De Abril a Maio, a partir de reportagens do jornal Chicago Tribune e da revista Newsweek, cria-se a polêminca de que a gravadora Geffen achou péssimo e pouco comercial o material de In Utero, gravado em Fevereiro com Albini.

O próprio Albini faz afirmações de que a gravadora pressiona a banda a refazer as músicas ou, pelo menos, deixá-las mais “apresentáveis” ou profissionais. A banda faz um comunicado garantido que não sofre interferência artística da Geffen. Mesmo assim, “Heart-Shaped Box” e “All Apologies” são remixadas por Scott Litt, produtor que trabalhou com os R.E.M.

Entre Maio e Julho, Kurt e Courtney enfrentam alguns problemas de ordem pessoal. Em 02 de Maio Kurt sofre de uma overdose de heroína em sua casa em Seattle. Uma medicação de emergência aplicada por Courtney impede sua morte. Em 04 de Junho, Kurt é detido por três horas pela polícia de Seattle após uma briga caseira com a esposa. O pivô da discussão: as armas que Cobain tinha em casa. A discussão alerta a vizinhança, que chama a polícia. Kurt é acusado de agressão física a Courtney. Em 23 de Julho, Kurt sofre outra overdose, desta vez em um hotel em Nova York. Novamente os primeiros socorros de Courtney salvam a sua vida.

Finalmente, em Setembro, o álbum In Utero é lançado. No dia 14 o vinil estava nas lojas. A versão em CD só chegaria no dia 21. As cadeias de supermercados Wal-Mart e Kmart ameaçam não vender o disco por causa da música “Rape-Me” (Estupre-me) e pelos fetos que aparecem na ilustração da contracapa. A banda e a Geffen providenciam uma versão mais “suavizada”. Kurt concorda, e diz que faria as alterações sem maiores crises - “Quando criança, um dos poucos lugares que eu podia freqüentar era o Wal-Mart. Acredito que ainda hoje existem crianças que crescem assim. Quero que elas possam comprar meu disco”, argumentou Cobain.

Com toda a expectativa dos fãs por um material novo do Nirvana, In Utero entra diretamente em primeiro lugar na parada de álbuns da Billboard. Alcança um milhão de cópias vendidas em dois meses nas lojas.

Em 25 de Setembro, Pat Smear (nascido em 1959, Pat foi ex-membro da banda de hardcore Germs durante o final da década de 70) estréia oficialmente como segundo guitarrista do Nirvana na apresentação ao vivo no programa de TV Saturday Night Live. Kurt e Courtney haviam desenvolvido grande amizade por Pat. Contudo, o principal motivo de Smear ter sido escalado como segundo guitarrista, foi devido a uma decisão do próprio Kurt, que àquela altura estava bastante focado em aprimorar seus vocais e se livrar um pouco do peso (nos dois sentidos) da guitarra em performances ao vivo. Em alguns shows, Kurt literalmente jogava a guitarra no chão e se mostrava um verdadeiro cantor - Cobain visivelmente gostava daquele jeito diferente de se apresentar.


Fim da banda:

Em 1994 a banda faz nova turnê pela Europa. Em 1º de março ocorre o último show do Nirvana. É no Terminal Einz em Munique, Alemanha. Cobain parece estafado, visivelmente com a voz desgastada, e ainda determina férias instantâneas. Shows marcados para os dias 2 e 3 são cancelados e, depois, adiados para abril, quando a turnê européia teria sua segunda parte. Cobain vai para Roma, Itália, para descansar e se encontrar com Courtney Love. Courtney chega a Roma no dia 3 e encontra Kurt no Hotel Excelsior.

O casal passou várias semanas sem se ver. As expectativas de Kurt pelo reencontro levam um banho de água gelada quando Courtney diz que está exausta e quer dormir. Quando ela acorda na manhãzinha do dia 4, Kurt está no chão, com o nariz sangrando. Ele havia tomado champanhe e cerca de 50 pílulas do tranqüilizante Rohypnol. Kurt deixa uma carta de despedida com três folhas, caracterizando a tentativa de sucídio.

Mas, oficialmente, o fato é divulgado como uma dose excessiva e acidental de medicamentos. Na carta, Kurt diz que Courtney não o ama mais, e que ele preferia morrer a passar por mais um divórcio (o primeiro foi o de seus pais). Internado no hospital Umberto I, Kurt sai do coma no dia 5 e é transferido para o American Hospital, também em Roma. Recebe alta no dia 8 e volta para os EUA no dia 12.

Em 18 de março, Courtney chama a polícia de Seattle porque Kurt se trancou em um quarto da casa com um revólver. Os policiais conversam com ele, que afirma querer apenas ficar longe da esposa. Quatro armas que Cobain tem na casa são confiscadas. No final do mês, o consumo de heroína de Cobain estava nitidamente descontrolado. Ele perambula pela cidade para comprar droga e se injetar. Traficantes começam a mandar Kurt se aplicar em outra freguesia, com medo que ele morra de overdose e cause suas prisões.

Familiares e amigos de Kurt fazem uma reunião para pressioná-lo a deixar seu vício. A reação de Kurt é achar que todos passaram a ser seus inimigos e ele não tem mais ninguém no mundo. Mesmo assim, ele acaba concordando em se internar na Exodus, uma clínica de desintoxicação em Los Angeles. No dia 30 daquele mesmo mês, Kurt pede que seu amigo Dylan Carlson compre um revólver para ele, dizendo que a polícia confiscou suas armas e ele queria ter uma proteção contra invasores. Depois da compra, Cobain viaja de Seattle para Los Angeles e se interna na clínica.

Em 1º de abril, depois de dar um telefonema para Courtney Love, Cobain foge da clínica no começo da noite, escalando o muro. Pega um avião e volta para Seattle. Nos dias seguintes, circula sorrateiramente pela cidade comprando mais heroína e se drogando. Ninguém que tenta encontrá-lo consegue descobrir seu paradeiro. O dia 5 de abril, pelos exames dos legistas, é a data de suicídio de Kurt Cobain. Kurt injeta uma dose tão grande de heroína que já bastaria para causar sua morte. Mas completa o seu intento com a arma que Dylan Carlson comprara uma semana antes. Cobain se mata com um tiro na boca, no sótão de sua casa em Seattle.

No dia 8 de abril, o corpo de Kurt é achado por um eletricista que faria uns serviços na casa, e o mundo toma conhecimento de sua morte. Um bilhete de adeus, mais curto que o escrito em Roma um mês antes, é encontrado ao lado do cadáver, e marca o fim de uma vida talentosa, porém problemática - como marca o fim de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.

Com o fim do Nirvana, cada um seguiu para um canto, mas Krist Novoselic e Dave Grohl seguiram próximos para defender os interesses do material gravado pela banda. Deram trato final à coletânea de vídeos "Live! Tonight! Sold Out!" (que Kurt já vinha preparando em seu último ano de vida) e organizaram em 1996 o álbum ao vivo "From the Muddy Banks of the Wishkah". No ano de 2002, os músicos também participaram da concepção da coletânea "Nirvana", que reúne a faixa até então inédita “You Know You’re Right” e outras de sucesso da banda.

Uma caixa de CDs e DVD com uma grande seleção de músicas raras e inéditas acabou saindo em 2004 - "With the Lights Out" foi organizada pela facção Novoselic-Grohl depois de anos emperrada por Courtney Love.

Sobre carreiras, Dave Grohl gravou suas composições em 1995 para um projeto solo que virou a banda Foo Fighters, em que é guitarrista e vocalista. Pat Smear se juntou a Grohl nos primeiros anos da banda e retornou recentemente para a realização de alguns shows. O Foo Fighters não toca músicas do Nirvana, com exceção de “Marigold”, de autoria do próprio Grohl, gravada pelo Nirvana e lançada no single de “Heart-Shaped Box”.

Krist Novoselic demorou mais para sair da reclusão artística. Em 1997, lançou o álbum "Sweet 75". O Sweet 75 era a dupla que Krist formara com a exótica cantora venezuelana Yva Las Vegas. Yva conseguiu a proeza de animar a festa de aniversário de Novoselic em maio de 1994, um mês depois da morte de Cobain. Mas o Sweet 75 acabou em 1998, por atritos pessoais. Krist passou a se dedicar mais a causas que envolvessem política e música.

Em 2002 formou a banda Eyes Adrift, juntamente com o ex-baterista do Sublime, Bud Gaugh, e o guitarrista do Meat Puppets, Curt Kirkwood. A banda lançou um disco "Eyes Adrif" no mesmo ano e desintegrou-se pouco depois. Em 2004, Krist lançou o livro “Of Grunge and Government: Let’s Fix this Broken Democracy!”. Desde 2006, Krist voltou como baixista da banda Flipper. Realizou novas turnês com o grupo e atualmente a banda se prepara para o lançamento de um novo álbum.

INTEGRANTES:
# Kurt Cobain - vocal e guitarra
# Krist Novoselic - baixo
# Dave Grohl - Bateria e backing vocals

Outros integrantes:

*Aaron Burckhard - bateria (1987)
*Dale Crover - bateria (1987-1988, 1990)
*Jason Everman - guitarra (1989)
*Chad Channing - bateria (1988-1990)
*Dan Peters - bateria (1990)
*Pat Smear - guitarra (1993-1994)
*Greg Hokanson - Bateria
*Mike Dillard - Bateria
*Buzz Osborne - Baixo
*Dave Foster - Bateria

DISCOGRAFIA

Álbuns de estúdio
* Bleach (1989)
* Nevermind (1991)
* In Utero (1993)

Álbuns ao vivo
* MTV Unplugged in New York (1994)
* From the Muddy Banks of the Wishkah (1996)
* MTV Unplugged in New York (DVD) (2007)

Compilações
* Incesticide (1992)
* Singles (1996)
* Nirvana (2002)
* With The Lights Out (2004)
* Sliver: The Best of the Box (2005)

EPs
* Love Buzz/Big Cheese (EP-1988)
* Hormoaning (EP-1992)

Singles
* Love Buzz (1988)
* Sliver (1990)
* Candy/Molly's Lips (1991)
* Here She Comes Now (1991)
* Smells Like Teen Spirit (1991)
* Come as You Are (1992)
* Lithium (1992)
* In Bloom (1992)
* Puss / Oh, the Guilt (1993)
* Heart-Shaped Box (1993)
* All Apologies / Rape Me (1993)
* Pennyroyal Tea (1994)
* About a Girl (Unplugged) (1994)

Foi lançada em 1995 uma caixa intitulada "Singles" contendo seis singles, quatro do Nevermind ("Smells Like Teen Spirit", "Come As You Are", "Lithium" e "In Bloon") e duas do In Utero ("Heart-Shaped Box" e "All Apologies / Rape Me").

Secretos
* Outcesticide I: In Memory of Kurt Cobain (1994)
* Outcesticide II: The Needle & the Damage Done (1995)
* Outcesticide III: The Final Solution (1995)
* Outcesticide IV: Rape of the Vaults (1996)
* Outcesticide V: Disintegration (1998)
* Outcesticide VI
* Outcesticide VII
* Outcesticide VIII

Os Cd's secretos (Outcesticides de 1 a 8) foram feitos com músicas que não foram aceitas pelas gravadoras, músicas que ficaram de fora de álbuns, lados "B" e com outras versões de músicas normais, além de faixas ao vivo, incluido covers como "Baba O´Riley" do The Who, "The End", do The Doors, "The Money Will Roll Right In" do Fang, entre outras curiosidades.

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(1989) Bleach











01- Blew
02- Floyd The Barber

03- About A Girl

04- School

05- Love Buzz

06- Paper Cuts

07- Negative Creep

08- Scoff

09- Swap Meet

10- Mr. Moustache

11- Sifting

12- Big Cheese

13- Downer






(1991) Nevermind











01 - Smells Like Teen Spirit
02 - In Bloom
03 - Come as You Are
04 - Breed
05 - Lithium
06 - Polly
07 - Territorial Pissings
08 - Drain You
09 - Lounge Act
10 - Stay Away
11 - On a Plain
12 - Something In The Way






(1992) Incesticide










01 - Dive

02 - Sliver
03 - Stain
04 - Been a Son
05 - Turnaround
06 - Molly’s Lips
07 - Son of a Gun
08 - (New Wave) Polly
09 - Beeswax
10 - Downer
11 - Mexican Seafood
12 - Hairspray Queen
13 - Aero Zeppelin
14 - Big Long Now
15 - Aneurysm






(1993) In Utero










01 - Serve the Servants

02 - Scentless Apprentice
03 - Heart-Shaped Box
04 - Rape Me
05 - Frances Farmer Will Have Her Revenge on Seattle
06 - Dumb
07 - Very Ape
08 - Milk It
09 - Pennyroyal Tea
10 - Radio Friendly Unit Shifter
11 - Tourette's
12 - All Apologies






(1994) Unplugged In New York











01 - About a G
irl
02 - Come As You Are
03 - Jesus Doesn't Want Me for a Sunbeam
04 - The Man Who Sold The World
05 - Pennyroyal Tea
06 - Dumb
07 - Polly
08 - On a Plain
09 - Something In The Way
10 - Plateau
11 - Oh, Me
12 - Lake of Fire
13 - All Apologies
14 - Where Did You Sleep Last Night






(1996) From the Muddy Banks of the Whiskah











01 - Intro

02 - School
03 - Drain You
04 - Aneurysm
05 - Smells Like Teen Spirit
06 - Been a Son
07 - Lithium
08 - Sliver
09 - Spank Thru
10 - Scentless Apprentice
11 - Heart-shaped Box
12 - Milk It
13 - Negative Creep
14 - Polly
15 - Breed
16 - Tourette's
17 - Blew






(2002) Nirvana











01 - You Know You’re Right

02 - About A Girl
03 - Been A Son
04 - Sliver
05 - Smells Like Teen Spirit
06 - Come As You Are
07 - Lithium
08 - In Bloom
09 - Heart-Shaped Box
10 - Pennyroyal Tea
11 - Rape Me
12 - Dumb
13 - All Apologies
14 - The Man Who Sold The World
15 - Where Did You Sleep Last Night






(2004) With The Lights Out











CD 1
01 - Heartbreaker (Live, 1987)
02 - Anorexorcist (Radio Performance, 1987)
03 - White Lace And Strange (Radio Performance, 1987)
04 - Help Me I’m Hungry (Radio Performance, 1987)
05 - Mrs. Butterworth (Rehearsal Recording, 1988)
06 - If You Must (Demo, 1988)
07 - Pen Cap Chew (Demo, 1988)
08 - Downer (Live, 1988)
09 - Floyd The Barber (Live, 1988)
10 - Raunchola/Moby Dick (Live, 1988)
11 - Beans (Solo Acoustic)
12 - Don’t Want It All (Solo Acoustic)
13 - Clean Up Before She Comes (Solo Acoustic)
14 - Polly (Solo Acoustic, 1988)
15 - About A Girl (Solo Acoustic, 1988)
16 - Blandest (Demo, 1988)
17 - Dive (Demo, 1988)
18 - They Hung Him On A Cross (Demo, 1989)
19 - Grey Goose (Demo, 1989)
20 - Ain’t It A Shame (Demo, 1989)
21 - Token Eastern Song (Demo, 1989)
22 - Even In His Youth (Demo, 1989)
23 - Polly (Demo, 1989)






CD 2
01 - Opinion (Solo Acoustic, 1990)
02 - Lithium (Solo Acoustic, 1990)
03 - Been A Son (Solo Acoustic, 1990)
04 - Sliver (Solo Acoustic, 1989)
05 - Where Did You Sleep Last Night (Solo Acoustic, 1989)
06 - Pay To Play (Demo, 1990)
07 - Here She Comes Now (Demo, 1990)
08 - Drain You (Demo, 1989)
09 - Aneurysm (Demo, 1990)
10 - Smells Like Teen Spirit (Rehearsal Demo, 1991)
11 - Breed (Rough Mix, 1991)
12 - Verse Chorus Verse (Outtake, 1991)
13 - Old Age (Outtake, 1991)
14 - Endless, Nameless (Radio Appearance, 1991)
15 - Dumb (Radio Appearance, 1991)
16 - D-7 (Radio Appearance, 1990)
17 - Oh The Guilt (B-Side, 1992)
18 - Curmudgeon (B-Side, 1992)
19 - Return Of The Rat (Outtake, 1992)
20 - Smells Like Teen Spirit (Butch Vig Mix, 1991)






CD 3
01 - Rape Me (Solo Acoustic, 1992)
02 - Rape Me (Demo, 1992)
03 - Scentless Apprentice (Rehearsal Demo, 1992)
04 - Heart Shaped Box (Demo, 1993)
05 - I Hate Myself And I Want To Die (B-Side, 1993)
06 - Milk It (Demo, 1993)
07 - M.V. (Demo, 1993)
08 - Gallons Of Rubbing Alcohol Flow Through The Strip (B-Side, 1993)
09 - The Other Improv (Demo, 1993)
10 - Serve The Servants (Solo Acoustic, 1993)
11 - Very Ape (Solo Acoustic, 1993)
12 - Pennyroyal Tea (Solo Acoustic, 1993)
13 - Marigold (B-Side, 1993)
14 - Sappy (B-Side, 1993)
15 - Jesus Doesn’t Want Me For A Sunbeam (Rehearsal Demo, 1994)
16 - Do Re Mi (Solo Acoustic, 1994)
17 - You Know You’re Right (Solo Acoustic, 1994)
18 - All Apologies (Solo Acoustic)






(2005) Sliver The Best Of The Box











01 - Spank Thru

02 - Heartbreaker
03 - Mrs. Butterworth
04 - Floyd the Barber
05 - Clean Up Before She Comes
06 - About a Girl
07 - Blandest
08 - Ain't It a Shame
09 - Appy
10 - Opinion
11 - Lithium
12 - Sliver
13 - Smells Like Teen Spirit
14 - Come as You Are
15 - Old Age
16 - Oh the Guilt
17 - Rape Me
18 - Rape Me
19 - Heart Shaped Box
20 - Do Re Mi
21 - You Know You're Right
22 - All Apologies





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