Kledir Ramil - Música e Sexo

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Música é que nem sexo. Dá pra fazer sozinho, mas se tiver parceria é muito melhor. A vantagem da música é que pode ser praticada em público, sem que ninguém ache isso esquisito.

Tanto uma coisa como a outra envolvem paixão e sensibilidade. Para se conseguir uma boa performance é preciso habilidade manual e emoção à flor da pele. Durante a atuação, dependendo do estilo, é possível que os corpos comecem a sacudir descontroladamente e ao final é comum que se escutem gritos e elogios.

O objetivo imediato das duas atividades é o mesmo: o prazer, o deleite, o entretenimento. A música é uma arte efêmera, precisa ser gravada para que as pessoas lembrem dela em sua plenitude. O sexo também é uma arte fugaz e fica registrado apenas na nossa memória afetiva, já que não inventaram um CD pra isso.


A prática sexual pode levar as pessoas ao paraíso. Através da música é mais difícil chegar lá, mesmo que o arranjo use glissandos de harpa e badalar de sinos. O sexo também costuma dar frutos a médio prazo. Uma espécie de corrente sem fim, com gente saindo de dentro de gente.

A música pode ser praticada sem camisinha, mas em certos ambientes é recomendável o uso de casaca. O sexo, ao contrário, fica melhor se você estiver despido.

Para quem quer estudar, existem cursos nos quais se ensina harmonia, solfejo, regras e estruturas musicais. Já o sexo, não tem partitura. Você tem que improvisar. Não há escola. A única forma de aprender é com professor particular.

A música já entrou na era digital, circula pela rede em formato mp3. No caso do sexo, ainda estamos aguardando uma forma efetiva de compartilhamento online, que não fique só no voyeurismo. As novas telas com sensibilidade ao toque são um primeiro passo.

É possível praticar sexo escutando música, mas é difícil fazer música com alguém falando gracinhas no seu ouvido.

Para apresentar canções, além da boca, você vai precisar de alguns instrumentos. Para fazer amor, depende das suas preferências.

Em geral, quem trabalha com música recebe pagamento por direitos autorais. Quem é profissional do sexo, também. A diferença é que não há burocracia. Parafraseando Luis Fernando Verissimo: o sexo, graças a Deus, não é organizado pelo Ecad.

Por: Kledir Ramil

Publicado em Zero Hora,09 de junho de 2008, N° 15627

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