Ícone do rock gaúcho, o cantor e compositor Júlio Reny comemora seus 50 anos com show hoje e domingo.
Não vai ser um show, vai ser uma cantoria com os amigos. Quem avisa é o dono da festa, o compositor, cantor, colorado e agitador Júlio Reny – meio século de vida completados hoje.
A partir das 21h, o autor de Amor e Morte estará como gosta no Café Verde (Avenida Benjamin Constant, 1.385): sem microfone, com o violão na mão e a cerveja e o cigarro no balcão, como faziam os antigos poetas. No domingo, Reny estará no Espaço Du Font (Rua Voluntários da Pátria, 4.069), em um show homenagem a Roberto Carlos. As duas apresentações têm entrada franca.
De certa forma, o espírito do show de hoje vai viajar até uma longínqua noite de 1979, quando a Faculdade de Medicina da UFRGS recebeu a primeira apresentação para valer do então novo compositor, que começava ali a cumprir uma etapa importante para os novatos da época: o circuito das faculdades. Nei Lisboa, que estava no olho da furacão naquele final de década, relembra:
– A gente fazia, dentro da universidade, muitos pequenos shows. Tínhamos que ter uma estruturinha para isso. A iluminação era feita com latas de leite Ninho.
Graças às dicas de Nei, o show de estreia de Reny contou com tudo a que tinha direito, incluindo a revolucionária técnica de iluminação.
– A luz funcionava, por incrível que pareça. Me lembro de ver umas 20 pessoas na plateia, de sair uma nota no jornal e tudo. Cumpri o ritual – conta Reny.
A partir daí, viriam 30 anos resumidos em nove discos – o mais recente deles, A Primavera do Gato Amarelo, lançado em um 2008 conturbado no plano pessoal. O fim do casamento, conta Reny, é a atmosfera que envolve sua produção musical atual. O tempo é de busca por uma nova sonoridade, por uma nova temática.
– O disco que estou preparando vai pegar só minha nova vida, depois que a família foi embora. Não vai ter nada de antes. Em termos de som, ainda estou procurando o que quero. Tenho ouvido muita coisa na noite. Estou sempre aprendendo.
Embora tenha construído sua carreira sobre alguns pilares perenes e imutáveis, como Lou Reed e Dire Straits, a busca por novas influências, que Reny usa agora como método para se reinventar, é técnica antiga desenvolvida pelo compositor. Garimpar novos artistas chegou a ser trabalho sério no final dos anos 1980.
– Na Rádio Ipanema, o Júlio tinha um programa e, ao mesmo tempo, era o cara que cuidava das bandas novas – conta o radialista Mauro Borba. – Era quem ouvia o que chegava na rádio, naquela época de muita efervescência, do auge do rock gaúcho.
O caubói (Reny foi um dos fundadores da banda Cowboys Espirituais) elege o final dos anos 1980 como uma das épocas mais interessantes de sua trajetória:
– Gosto daquela agitação que havia. Eu trabalhava na rádio e tinha o Expresso Oriente. A banda era bem cotada, a gente viajava todo fim de semana. Vivia na rádio pesquisando na discoteca e viajando.
Quem fala de Júlio Reny invariavelmente acaba identificando dois dele: o músico e compositor talentoso e o agregador. Ficou famosa a garagem de Reny na velha casa da Santana, por onde passaram TNT, Replicantes e tantos outros grupos.
– Na garagem do Júlio sempre tinha alguém tocando. Além das suas músicas, ele sempre teve essa ligação com as bandas, sempre esteve próximo a vários artistas. As pessoas viam nele um cara de referência, que dava ideias. E esse pessoal acabou fazendo até mais sucesso que ele – analisa Mauro Borba.
Outro cinquentão deste verão, Nei Lisboa não tem dúvida de que o que garantiu a Reny a imagem de lenda do rock da província não foi apenas o talento de compositor:
– Ele é uma figura tímida, mas tem desenvoltura para passar aos músicos o que quer. Sempre foi um personagem muito querido, fácil de se encantar.
Com tantos amigos, ficou difícil para o caubói deixar a data passar em branco.
– Eu ia fazer bem quietinho, mas daí umas pessoas neófitas começaram a me motivar. Então resolvi comemorar. É uma vez só na vida. É meio século – conta Reny.
GABRIEL BRUST - Zero Hora - 27/02/09
2 comentários:
hola
mmmm mmmm...
no veo mi blog en tu lista,
nosotros te hemos enlazado.
es que no lo quieren a el camaleon como a un amigo de ustedes...(?)
saludos desde buenos aires, argentina.
http://elcamaleongallego6.blogspot.com/
gracias, hasta la próxima!
un abrazo,
adriana.
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