Tony da Gatorra

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Tony da Gatorra, o músico de Esteio, que inventou um instrumento inusitado, vai abrir show do Franz Ferdinand em breve. A data exata ainda não está confirmada, mas alguns shows da nova turnê da banda escocesa na Europa, no segundo semestre, poderão ter o músico gaúcho na abertura.

Será a primeira vez que Tony da Gatorra sairá do Brasil, diretamente de sua casa de dois quartos, em Esteio, onde só se chega depois de andar por uma rua de terra batida. Até 2004, Tony era só um cabeludo com jeitão e medalhões de hippie que circulava pela Esquina Democrática e por bares da Grande Porto Alegre.

Depois, sua vida mudou: com um CD demo, foi apresentado por um radialista gaúcho a um produtor musical que o encaminhou para a gravadora paulista Slag. Assinou contrato, fez shows em Rio, São Paulo, Recife, virou cult na noite paulistana, criou um blog e uma das gatorras que inventou está correndo mundo nas mãos da badalada vocalista Luísa Lovefoxxx, do grupo Cansei de Ser Sexy, que Tony conheceu na boemia.

O guitarrista Nick McCarthy, do Franz Ferdinand, descobriu o instrumento quando sua banda, uma das mais elogiadas do rock britânico atual, fez show em São Paulo, em 2006. O escocês encomendou uma gatorra por R$ 1,5 mil e sugeriu o nome de Tony para abrir os shows do grupo.

A casa de Tony ainda nem tem escritura, mas fala muito de seu dono. Uma bandeira do Brasil tremula sobre a porta de entrada, ao lado de um cartaz que ataca a ganância dos banqueiros. Nas paredes, grafites feitos pelo próprio Antonio Carlos Correia de Souza, 55 anos, pregam a paz e vislumbram "Uma luz no fim do túnel ao nosso alcance".

Tony, consegue ser, ao mesmo tempo, um sujeito de paz e de guerra. Quando fala de si mesmo, é paz. E dor e luta. Lembra que nasceu em Cachoeira do Sul, que sente falta da mãe, morta quando ele tinha três anos, que o pai não tinha emprego fixo, que ele e os sete irmãos às vezes tinham apenas farinha cozida para comer e que eram obrigados a raspar a cabeça para evitar a visita do piolho. Lembra que teve a ajuda do então governador Brizola para estudar em um colégio interno de padres, que depois foi office-boy em Porto Alegre, trabalhou na indústria mecânica e, em 1978, diplomou-se em eletrônica, por correspondência. Ainda hoje, ganha a vida consertando televisores e outros aparelhos. Quando fala do que está fora, é guerra aberta.

As mazelas sociais do Brasil são sua maior preocupação: - Não faço música para dançar, mas para conscientizar. É assim que Tony descreve seu som tosco e cru, já batizado de "pós-punk outsider" nos sites da Trama Virtual e My Space. O clássico "Assassino", com 2,5 mil downloads no site myspace, traz versos como "Assassino! Não seja um / A vida é sagrada, seu corpo é um templo, não pode violar!".

Outros temas são os sem-terra e a injustiça social. Fã de jovem guarda, Led Zeppelin, Beatles, Jimi Hendrix, Raul Seixas e Black Sabbath, Tony, que tem apenas o primário completo e nenhuma formação musical, conta que seu despertar como compositor e instrumentista veio em 1998, quando construiu a primeira gatorra: - "Depois do trabalho normal, passava quatro a cinco horas de madrugada tentando fazer funcionar a gatorra. Mas nem todo mundo entendia. Minha segunda mulher se separou de mim quando vendi a moto para divulgar meu primeiro CD", (Só Protesto, do selo paulista Peligro).

Ele diz que 2007 deve ser ótimo. Além da encomenda de quatro gatorras e dos shows na Europa, deve ser lançado nos próximos meses seu segundo CD, Novos Pensamentos, com vocais de Lovefoxxx em duas faixas. O primeiro DVD também deve chegar neste ano. A luz no fim do túnel está cada vez mais ao alcance de Tony da Gatorra.

O que é a gatorra

O desenho e o nome do instrumento são de autoria do próprio Tony. A primeira das sete gatorras existentes foi construída com corpo de madeira. As outras, de alumínio, são mais leves. O instrumento é uma mistura de bateria eletrônica e sintetizador. Na parte inferior, há oito botões, que reproduzem timbres de percussão como bongô, caixa, bumbo e pratos. No braço da gatorra, esses oito botões são repetidos, e existem mais sete botões com efeitos eletrônicos. Outros botões oferecem quatro ritmos pré-programados. Uma antena, na ponta do braço, tem função semelhante à alavanca nas guitarras, distorcendo os sons.

>>> por RENATO MENDONÇA - Zero Hora - 07/02/07

Abaixo o CD de estréia para download:


Tony da Gatorra - Só Protesto (2005)

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01 - Eu Protesto
02 - Rap Verdade
03 - Voz dos Sem Terra
04 - O Que Tu TemPlay
05 - Sublime Paz nº 02
06 - Brasil 500 Anos
07 - Espírito da LuzPlay
08 - Droga Fatal
09 - Assassino
10 - Era de Aquarius
11 - Sublime Paz Nº 1


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RamonR