Levado ao crematório do plenário o projeto de aumento de alíquotas do ICMS, o documento foi torrado impiedosamente pela contagem de 34 a 0.
Não obteve sequer um voto o projeto da governadora. Ninguém da base aliada dignou-se a dar um votinho para a governadora. A base aliada escafedeu-se pelos corredores e desapareceu de cena, deixando órfão o governo, numa pantomima de 60 dias com reuniões e mais reuniões que visavam a prestar socorro aos cofres combalidos do tesouro estadual.
Nenhum voto. Nenhum voto. 34 a 0.
A oposição e a base aliada segurando o caixão do Estado, dominadas pelo cantochão fúnebre da morte e da inanição dos serviços e do funcionalismo.
Pede-se não enviar flores ao Rio Grande.
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Não sei como têm coragem de se chamar de base aliada os deputados estaduais que apóiam a governadora e constituem a maioria da Assembléia Legislativa, com quem são repartidos os cargos do governo.
Mas isso é frente aliada? Onde é que estava a frente aliada na hora da votação?
Que frente é essa? Isso não é frente, são fundilhos. O cós rebentou e os fundilhos rasgaram-se na confusão que se armou com a maioria que apóia o governo desertando do plenário e os raros da base aliada que votaram o fizeram contra o governo.
Que tragédia.
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Por uma questão de dignidade, os deputados que formam a base aliada deveriam hoje entregar todos os cargos de que dispõem em todos os órgãos do governo.
Não é crível que continuem a usufruir de seus cargos e de suas influências os deputados da base aliada que ontem abandonaram a governadora à própria sorte.
A mesma base aliada cujos partidos deram a Lula, na Câmara Federal, todo o apoio para que seja prorrogada a CPMF, que ninguém duvida será prorrogada.
Ou seja, a base aliada de Yeda Crusius nega aumento de imposto para ela aqui, mas concede aumento de imposto para Lula lá.
Interessante, não é governadora?
Só seria menos interessante se não se soubesse que a senhora própria apoiou a prorrogação da CPMF.
E agora a CPMF vai ser prorrogada com o apoio da governadora, mas ela ficou a ver navios no aumento de imposto que queria só para aliviar as finanças do Estado.
Enquanto a União está empanturrada de arrecadação de impostos e nem precisava da prorrogação da CPMF para continuar governando.
Mas para a governadora era vital o pacote reprovado ontem.
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Se a sua base aliada, governadora, não entregar todos os cargos de seus correligionários no governo hoje, demita-os todos, governadora.
De que adianta base aliada e maioria na Assembléia se não lhe sobrou um único mísero voto, governadora, foi goleada de 34 a 0?
Melhor governar sem base, governadora. Muito melhor.
Convoque o PT para ajudá-la como base aliada. Governe com o PT governadora.
Pelo menos o PT tem experiência bem-sucedida de como aumentar impostos.
Fonte: Zero Hora
1 comentários:
Nem o vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Afonso Feijó, do DEM, concorda com a proposta de aumento de impostos encaminhada pela governadora tucana Yeda Crusius à Assembléia Legislativa. No artigo “Convicção versus conveniência”, publicado hoje no Jornal do Comércio, de Porto Alegre, o vice-governador critica o Plano de Reestruturação do Estado, proposto pela governadora tucana, que prevê aumentos de vários impostos estaduais, e reforça as denúncias de corrupção no governo do Estado.
“Considero o aumento proposto um grave equívoco, por ver neste justamente o contrário do que acredito ser a solução para a crise de caixa vivida pelo governo. Se aumentarmos impostos vamos resolver a crise do Estado? Vamos ter mais saúde, educação e segurança? Esta suposta solução foi usada nos últimos 20 anos, a situação não só não melhorou como se agravou, os serviços públicos idem. Em médio prazo, quanto maior a carga tributária menor o crescimento econômico, menos empregos, menos desenvolvimento e menos arrecadação. O fato de termos as maiores alíquotas do País em setores-chave para a economia do Estado é o que nos freia o crescimento econômico que poderia aumentar em muito a arrecadação sem penalizar a sociedade”, diz o vice-governador.
“Outro tema importante é a corrupção. Existe descontrole, falta de fiscalização no gasto do dinheiro público. Caso contrário fatos como o do Detran não aconteceriam. O governo não pode pedir aumento de impostos enquanto o dinheiro público escorrer pelos ralos da corrupção”, conclui.
As palavras do vice-governador gaúcho mostram que a crise no governo dos tucanos é grande, envolto em denúncias de corrupção e sem apoio político para aprovar sua proposta de aumento de impostos. É essa a propalada eficiência tucana.
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