A crítica britânica os chama de "a maior banda psicodélica do mundo", "a resposta brasileira ao Pink Floyd" e "o grupo que estava destinado a conquistar o planeta". E músicos da Grã-Bretanha definem o som dos Mutantes como "bom demais para ser verdade".
Os Mutantes estão na ativa, é o primeiro show em 33 anos de separação com os irmãos Serginho Dias e Arnaldo Baptista e o baterista Dinho. Realizou-se dia 22 de maio no centro cultural Barbican, em Londres, numa segunda feira chuvosa o tão aguardado show de retorno da banda.
A apresentação ocorreu cercada de expectativas dos antenados britânicos (fãs e músicos), e encerra o evento Tropicália, que teve início em fevereiro deste ano e contou com apresentações musicais, exibição de filmes e uma exposição de artes visuais.
“Os Mutantes têm uma noção de ritmo melhor do que a do pop anglo-americano. Você pode dançar ou assobiar ao som deles. É uma musicalidade que viaja além de qualquer fronteira", disse em entrevista à BBC Brasil o cantor e guitarrista Gruff Rhys, do grupo galês Super Furry Animals. "Nós ouvimos os Mutantes pela primeira vez nos anos 90, quando excursionávamos pelos Estados Unidos. Não sabíamos se era uma banda atual ou antiga. Soava bom demais para ser verdade.”
O grupo tocou todas as músicas mais importantes dos cinco primeiros discos e várias faixas em inglês do álbum Technicolor e conquistou a platéia com seu alto astral – como nos velhos tempos.
A noite começou nervosa com alguns problemas técnicos, o promotor do Barbican, Bryn Ormrod, subiu ao palco, pediu desculpas pelo atraso. Podia-se sentir no ar a eletricidade da expectativa do público – que lotou o Barbican. Não havia um assento vazio.
Mais alguns minutos se passaram, o promotor voltou ao palco e anunciou os Mutantes. O público foi ao delírio, vendo Arnaldo e Serginho entrando, fantasiados e sorridentes.
O grupo abriu com Dom Quixote e Caminhante Noturno, com pequenos problemas no som da guitarra. Arnaldo, à esquerda do palco, sentado aos teclados, Serginho à direita, e, no centro, a ‘novata’ Zélia Duncan, que, no começo, não parecia muito à vontade.
Ela não é Rita Lee, nem tentou ser. Cantou o vocal principal em poucas músicas, serviu como uma presença central feminina no palco, interagindo mais com os músicos da banda do que com o público.
Ninguém gritou “Rita”, Zélia foi bastante aplaudida quando anunciada e Serginho e Arnaldo pareciam se entender muito bem com ela.
A banda, aliás, além de Zélia, Dinho, Serginho e Arnaldo, contou com um tecladista, uma percussionista, um baixista, um músico que tocou teclados, violão, flauta doce, flauta e cello, além de dois vocalistas, um homem e uma mulher, nos backing vocals.
Arranjos originais
Os Mutantes optaram por arranjos originais, substituindo as orquestrações mais complicadas por gravações ou samplers, como em "Dom Quixote", e preservando as harmonias vocais – sempre distintas – um dos pontos fortes do grupo.
Serginho comandou a banda e os vocais e mostrou porque era tido como o maior guitarrista de sua geração em vários solos.
Arnaldo, discreto no teclado e vocais, irradiava carisma e alegria por estar ali. Cantou "Dia 36", que ficou impecável. Mas bom mesmo foi ouvir as vozes de Serginho e Arnaldo, juntas. É como visitar o bairro da Pompéia, São Paulo, em 1969.
À medida que a banda relaxava e ganhava confiança, o público se animava mais ainda.
Mandaram bem em "Ave Gengis Khan", "Desculpe, Babe" (em inglês), "Technicolor", "Virgínia", "Cantor de Mambo", "El Justiciero" (com uma brincadeira de Serginho, dizendo que o primeiro-ministro britânico Tony Blair iria chamar el justiceiro George W. Bush para acabar com o crime na Grã-Bretanha), "Minha Menina" (bem conhecida do público britânico, graças ao sucesso de uma versão recente feita pelo grupo The Bees), "Baby" (sensacional), "Premier Bonheur Du Jour", "Dois Mil e Um" e "Top Top".
À altura de "Ando Meio Desligado", "Bat Macumba" (com participação do cantor neo-folk americano Davendra Banhart, nos backing vocals) e "Panis et Circensis", o Barbican era uma farra só: todo mundo de pé, pessoas dançando, cantando junto e gritando we love you.
Nos camarins, Serginho e Dinho contaram do sufoco dos ensaios e da ansiedade com o primeiro show depois de tantos anos. O clima era de alívio e felicidade. Os Mutantes conquistaram o público, como se fosse à coisa mais natural do mundo, como se nunca tivessem sumido.
E esse foi só o primeiro show. Imaginem como vai ser o quarto ou quinto, quando estarão nos Estados Unidos. Vão estar tinindo, provavelmente fazendo justiça às palavras da revista Time Out na semana passada, que os chamou de "a maior banda psicodélica de todos os tempos".
Guitarras Inigualáveis
De acordo com Gruff Rhys, são vários os fatores que fizeram com que os Mutantes conquistassem fãs tão díspares como os Super Furry Animals, Kurt Cobain, David Byrne e Beck.
"Eles tem um som eufórico e melodioso, com guitarras que não soam como nenhuma outra. Essa originalidade talvez se deva ao fato de que eles criavam as próprias guitarras. Eles representam o melhor do fim dos anos 60 e começo da década de 70, um período que influenciou muito o Super Furry."
No entender do escritor e jornalista musical Will Hodgkinson, o fato de os Mutantes terem virado uma banda cult entre os britânicos contribuiu para que os integrantes do grupo decidissem retomar atividades.
"No ano passado, Sérgio Dias tocou em Londres e ficou surpreso ao ver os gringos gostando tanto das músicas dos Mutantes. Foi aí que ele percebeu o quanto um show aqui seria importante. Outro fator que pesou na decisão foi que eles foram muito influenciados pelo rock britânico", afirma Hodgkinson, que vai assinar resenha sobre o show para a revista especializada britânica Mojo.
Recentemente, Hodgkinson lançou o livro Guitar Man, no qual trata de guitarristas que marcaram a sua vida e que o levaram a querer aprender o instrumento depois de velho. Os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista são mencionados em um capítulo que trata das predileções de guitarristas por determinadas marcas de instrumento.
"Consta que um dos motivos da briga que manteve Sérgio e Arnaldo afastados por tantos anos foi causado pelo fato de que Sérgio gostava de guitarras Fender, e Arnaldo, da Gibson Les Paul. Dizem até que os Mutantes estavam em vias de se reunir há dez anos. Mas Arnaldo saiu de sua casa em Minas para visitar Sérgio e ao chegar lá viu uma série de guitarras Fender, o que o teria feito sair em disparada."
Sonhando com Rita
Os Mutantes farão uma turnê pelos Estados Unidos, mas, assim como na apresentação britânica, não deverão contar com a participação de Rita Lee, a ex-cantora do grupo.
Hodgkinson comenta que "é realmente muito triste" que Rita Lee não tenha aceitado participar da volta dos Mutantes. "Ninguém entendeu por que ela não quis participar. Talvez Rita queira ficar na dela por enquanto e esperar para ver a reação ao show. Depois, quem sabe, ela se juntará à banda. A presença de Rita seria a cereja no bolo, mas já esta sendo bom o suficiente ver os dois irmãos juntos novamente."
Os próximos shows já têm data e local marcado e são os seguintes: 21 de julho em Nova York no The Webster Hall, 23 de julho em Los Angeles no Hollywood Bowl, 24 de julho em São Francisco no The Fillmore, 26 de julho em Seattle no The Moore Theater, 28 de julho em Denver no Cervante’s Masterpiece Ballroom e 30 de julho em Chicago no The Pitchfork Festival.
Breve História
Uma das mais importantes bandas do Rock nacional, Os Mutantes são reconhecidos até hoje, não só por nós brasileiros, mas por grandes artistas em todo o mundo, pela sua criatividade, ousadia e por ter a coragem de ser vanguarda numa época retrógrada. O fato é que eles eram loucos, e isso bastava. Nunca o Brasil tinha visto uma banda que ia muito além da música: eles eram imagem, cor, diversão. E, além disso, músicos que primavam pela qualidade e originalidade. Pode haver coisa melhor?
Vamos, então, ao começo: Sérgio e Arnaldo tinham sido criados por pais extremamente liberais e ligados à música, de modo que os dois tiveram formação clássica. Apesar disso, a primeira banda que formaram com os amigos era de iê-iê-iê, os Wooden Faces. Os irmãos passavam as tardes ouvindo sucessos da orquestra de Glen Miller, prato cheio pra quem quer conhecer mais sobre como era a vida de meninos de classe média na década de 60. Ao passo que Rita teve sua introdução musical em conjuntos vocais femininos. A beatlemania foi decisiva na vida dos Mutantes, já que foi a fixação pelo Fab Four que levou Rita a um show do Wooden Faces.
Rita e Arnaldo gostaram imediatamente um do outro, e no dia seguinte ao show, estavam engatando o primeiro namoro da vida dos dois. Tinham 16 anos na época. O mais interessante nessa história toda é que, mesmo na época do amor livre, os dois ainda tentaram manter o casamento, e eram extremamente ciumentos e – sim, é verdade – Rita acabou transando com Sérgio anos mais tarde, mas por pura vingança. Ou seja: muito pouco daquela suruba que a gente pensa que era a vida dos Mutantes é verdade.
O conselho que eles mais escutavam quando andavam com os tropicalistas era: ‘Vocês precisam ser mais modernos. Rita e Arnaldo andam sempre grudados um no outro. Isso é um desperdício... ’
Rita Lee era uma dessas pessoas da qual se é difícil resistir ao carisma, àquela ruivinha sardenta, sempre magricela, junto com os dois irmãos, aprontando horrores com os outros. Cigarros de maconha escondidos entre os de tabaco, para enganar quem vivia filando-os, chicletes de alho, nada era suficiente. O número clássico da banda era o seguinte: Janta na casa dos Baptista. Rita começava mastigando um pedaço de bife por alguns minutos, e passava-o para a boca de Arnaldo, que mastigava mais um pouco a carne e jogava-a dentro de um copo de Coca-Cola. Depois que a mistura virava espuma, Sérgio bebia todo o conteúdo do copo. E voltava a mastigar o bife, para depois engoli-lo.
Só pra constar: Sérgio tinha 13 quando virou o guitarrista dos Wooden Faces. Era o que podia se chamar de 'pentelho', criando apelidos pouco convencionais (mas geralmente adequados) para todos. Rita, por exemplo, era a ‘Banana Pintada’. A amizade dos três logo virou musical, e surgia O Konjunto, que meses depois, tornaria-se Os Mutantes (nome sugerido por Ronnie Von e prontamente aceito, já que Arnaldo e Rita eram malucos por ficção científica). Em 1966, os Mutantes faziam sua primeira apresentação, exatamente na estréia do programa O Pequeno Mundo de Ronnie Von, da TV Record. Começava a revolução, porque aqueles garotos chamaram a atenção de outros programas e de gravadoras.
E de Gilberto Gil, que os convidou pra gravar Domingo no Parque, e apresentar-se no Festival da Record. Rita adorou Gil de cara, os meninos ficaram mais defensivos, já que o negócio deles era rock’and’roll cantado em inglês. Mas eles gravaram a canção e ganharam destaque, começaram então a chover convites para gravarem seu primeiro álbum. Em 1968, os Mutantes entraram em estúdio, com contrato assinado com a Polydor, que lançou a maioria dos álbuns do grupo, incluindo o de estréia “Os Mutantes”, que já trazia dois dos maiores hits: "Panis Et Circenses" e "Batmacumba".
Depois disso, o sucesso não tardou. Participações em filmes, comerciais, festivais, programas de tevê. A noiva grávida, a guitarra elétrica, o theremin, desfiles de moda mostrando seu figurino sempre extravagante. Vaias, resistência, conservadorismo não faltaram. Arnaldo achava graça e dizia: 'ninguém entende a gente e isso é ótimo'.
Em 1969, chega o segundo trabalho “Mutantes”. Os grandes destaques desse disco foram “Dom Quixote” e “2001”, escrita em parceria com Tom Zé. Apresentam-se em Cannes e em Lisboa e na volta, montam o show “O Planeta dos Mutantes”.
Aumentam o line up com a entrada definitiva do baterista Dinho e do baixista Liminha e, em 1970, participam do V FIC, Festival Internacional da Canção, com a faixa “Ando Meio Desligado”, recentemente regravada pelos mineiros do Pato Fu. Essa música fez parte do álbum “A Divina Comédia” e neste mesmo ano ainda gravaram em Paris o álbum “Technicolor”, com versões em inglês para seus maiores sucessos.
O disco deveria ter saído naquele mesmo ano no mercado europeu, mas inexplicavelmente foi arquivado pela gravadora Polydor que o considerou ousado demais para a época, temendo um possível fracasso. Virou um disco cult entre os mais antenados. Nos final dos anos noventa este material foi parar nas mãos de Sean Lennon que se apaixonou na mesma hora pela espontaneidade musical dos Mutantes, Sean correu atrás para que este material fosse lançado o que aconteceu no ano 2000, trinta anos após sua gravação, fazendo ele mesmo o projeto gráfico do álbum. Talvez hoje a história dos Mutantes fosse outra se este álbum tivesse sido lançado na época.
Em 1971, “Jardim Elétrico”, apresentava ao público o hit “Top Top”, que ganhou uma versão acústica da cantora Cássia Eller em 2001. O maior sucesso da carreira dos Mutantes, no entanto, viria só em 1972 com o álbum “Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets”, com a faixa "Balada do Louco".
Rita irritava a maioria das pessoas que conviviam com a banda na época. Ela criava personagens imaginários, como a menina Gumgum (chata e grudenta, que ficava dizendo pequenas crueldades), e Aníbal (o malandro do morro, cheio de gírias e sempre cantando as meninas que estivessem por perto). Ela e Arnaldo começaram a se desentender com mais freqüência, depois de anos de infidelidade e envolvimento com ácido e haxixe.
Começava a viagem sem volta dos Mutantes, com empresários sugerindo cada vez mais que Rita tinha carisma e talento suficientes para seguir carreira solo. E assim, o fez: pegou suas duas cadelas, violão, o mini-moog e desceu a Serra da Cantareira para nunca mais voltar. "Build Up", seu disco debute solo, era um sucesso e a menina de 22 anos firmava-se como uma estrela da música pop brasileira. Mas não sem antes deixar, junto com seus companheiros mutantes, cinco discos que até hoje soam atuais, e a maior prova disso é a paixão de muitos gringos, como Kurt Cobain e Sean Lennon, pelo trabalho do grupo.
Em 1973 entram em estúdio sem Rita para as gravações de “O A e o Z”. O material não agradou a gravadora que não lançou o disco e demitiu a banda. Sem contrato e enfrentando diversos problemas com as drogas, Arnaldo decide que é a sua vez de abandonar o barco e parte em carreira solo. Dinho e Liminha seguem o mesmo rumo.
Diante de uma situação totalmente inédita, Sérgio Dias é obrigado a reformular toda a estrutura da banda. Chama Tulio Mourão para os teclados, o baterista Rui Mota e o baixista Antônio Pedro Medeiros para integrarem o time. Conseguiu um contrato com a Som Livre e, com essa formação, fizeram “Tudo Foi Feito Pelo Sol”, em 1974.
Mas os problemas e discussões estavam longe de terminar e logo após esse lançamento, Túlio e Antônio são substituídos por Luciano Alves e Paul de Castro. Em 1977, soltam “Mutantes Ao Vivo”, que não agradou nem os fãs, nem a crítica e nem os próprios Mutantes. Após esse fracasso e mais alguns desentendimentos, finalmente o grupo encerra suas atividades. Apesar das inúmeras tentativas, Sérgio Dias não conseguiu dar continuidade ao Mutantes sem o irmão Arnaldo, que recusou solenemente todos os pedidos para que voltassem a tocar juntos.
Em 1992, finalmente foi lançado o até então inédito “O A e o Z”.
Pós-banda
Os Mutantes voltariam a ser notícia em 1992, quando os principais jornais brasileiros divulgaram que o grupo iria retornar em sua formação clássica. O que aconteceu na verdade foi um convite de Rita aos seus antigos companheiros para uma participação em um de seus shows. O rancor guardado e as brigas do passado ressurgem momentos antes da apresentação e apenas Sérgio sobe ao palco com a cantora, apesar dos chamados insistentes da platéia por Arnaldo. Em 1993 eles recusam um pedido feito por Kurt Cobain, líder do Nirvana para que se reunissem novamente.
No ano 2000 a gravadora Universal, dona do catálogo da extinta Polydor, finalmente resolve lançar Tecnicolor, que apresenta as canções gravadas pela banda durante sua passagem pela França em 1970. Diz-se que o álbum só foi lançado pela influência (e insistência) de Sean Lennon, filho de John Lennon. A arte gráfica do álbum é toda de Sean.
Em fevereiro de 2005 a revista britânica Mojo incluiu o álbum Os Mutantes em sua lista de "50 Discos Mais Experimentais de Todos Os Tempos", à frente de nomes como Beatles, Pink Floyd e Frank Zappa.
Gênio!! O que mais dizer?
A Genialidade Valvulada - Rogério Duprat, no vídeo-documentário Maldito popular brasileiro: Arnaldo Dias Baptista, de Patrícia Moran, foi categórico em suas duas aparições: Os Mutantes foram à coisa mais importante do tropicalismo. E ninguém conseguiu deixar isto claro. Mas eu sei bem disso que a cabeça disto tudo, a cabeça dos Mutantes era o Arnaldo Baptista. (...) Insisto e resumo, em poucas palavras, o Arnaldo é responsável por quase tudo que aconteceu de 67 pra frente.
Kurt Cobain, em sua passagem pelo Brasil, saudou Arnaldo com uma carta-elogio.
Mas o que há entre a arqueológica opinião de Duprat e a missiva de Cobain? Mitificação a um artista louco? Ou uma outra versão para uma história já sedimentada?
Arnaldo, assim como Rita Lee e Sérgio Dias, teve sua vida e sua obra fracionada em duas etapas: a das glórias da Tropicália; e, no caso de Arnaldo, da piração posterior.
Mas o que dizer dos cinco álbuns de sua carreira solo? E como chamar de loucura sua opção pela amplificação valvulada, agora que novas gerações de valvulados demonstram, mais uma vezes, a sua supremacia perante os leves e descartáveis transistores? Seria loucura também sua opção por guitarra Gibson em detrimento da Fender, usada por seu irmão Sérgio? E seus dois livros de ficção científica? E suas centenas de pinturas a óleo?
A verdade é que a genialidade de Arnaldo só poderia ser tratada, pela mentalidade mediocrizante brasileira, de um forma, como loucura. Nem uma possível morte, várias vezes anunciada, seria adequada. A loucura. Assim teríamos nosso Syd Barrett, nosso Arthur Rimbaud, nosso Antonin Artaud. Mas contra este estigma, basta apenas ouvir a obra de A.B.
Seu primeiro álbum-solo, "Lóki?" é, sem dúvida a obra-prima do rock brasileiro. Lançando em 1974, com a participação dos Mutantes - Rita, Liminha e Dinho - e arranjo de Duprat, e com a recomendação: este disco é para ser ouvido em alto volume, traz: Será que eu vou virar bolor?. Uma pessoa só - do repertório derradeiro dos Mutantes -, Não estou nem aí, vou me afundar na lingerie, Cê tá pensando que eu sou lóki?, Te amo podes crer e outras. Na seqüência, Arnaldo se transfere para o Rio de Janeiro, formando o grupo Unzioutros, com Lulu Santos.
Em 1976, passa a tocar com o grupo Patrulha do Espaço - John Flavin, guitarra; Osvaldo Gennari, contrabaixo; e Rolando Castello Júnior, bateria. No ano seguinte, grava um álbum no Estúdio Vice-Versa, que se manteria inédito até 1988, quando Osvaldo e Rolando remasterizam a fita original e lançam o LP "Elo perdido", que traz Sunshine, Sexy sua, Corta Jaca, Trem, Emergindo da ciência, Raio de sol, Um pouco assustador e Fique comigo.
Em 1980, lança o álbum "Singin' Alone", na estréia do selo Baratos Afins, de Luís Calanca. Arnaldo toca todos os instrumentos. No repertório: I feel in love one day, O Sol, Hoje de manhã eu acordei, Sitting on the road side, Ciborg, Young blood, entre outras.
No início de 1982, internado em uma clínica de São Paulo, sofre acidente. Sua fama de louco e suicida volta à cena.
Em 1987, Rolando Castello lança novo material da época do Patrulha. Agora trechos de uma gravação ao vivo, de 1978. O álbum "Faremos Uma Noitada Excelente..." traz, basicamente, músicas do Elo perdido e do Singin' alone, exceção para a instrumental Arnaldo Soliszta. Ainda em 1987, a Baratos Afins lança, em edição limitada para fãs, o caseiro álbum Disco voador, gravado originalmente em dois canais, pelo artista, e masterizado no Vice-Versa. O disco traz duas versões, em francês e inglês de Balada de um louco e outras sete composições.
Em 1989, a gravadora Eldorado lança o álbum-homenagem "Sanguinho Novo..." Arnaldo Baptista revisitado, com as participações dos grupos Sexo Explícito, 3 Hombres, Vzyadoq Moe, Sepultura, Último Número, Akira S. & As Garotas Que Erraram, Ratos de Porão, Fellini, Atahualpa Y Us Panquis, Maria Angélica e de Skowa e Paulo Miklos.
A partir daí a moeda-Arnaldo Baptista volta à circulação em regravações - Kid Abelha, Lobão, João Penca & Os Miquinhos Amestrados, Paula Morelembaum, Pato Fu e outros -, mostrando um pouco da monumental, e desconhecida, obra do Gepetto valvulado de Juiz de Fora.
DISCOGRAFIA:
· Os Mutantes (Polydor, 1968)
· Mutantes (Polydor, 1969)
· A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado (Polydor, 1970
· Jardim Elétrico (Polydor, 1971)
· Mutantes E Seus Cometas No País Do Baurets (Polydor, 1972)
· O A e o Z (Philips, 1992; gravado em 1973)
· Tudo Foi Feito Pelo Sol (Som Livre, 1974)
· Ao Vivo (Som Livre, 1977)
· Tecnicolor (Universal, gravado em 1970 e lançado em 1999)
Rita Lee:
· Build Up (Polygram – 1970)
· Hoje É O Primeiro Dia do Resto de Sua Vida (Polygram – 1972)
· Atrás do Porto Tem Uma Cidade (Polygram – 1974)
· Fruto Proibido (Som Livre – 1975)
· Entradas e Bandeiras (Som Livre – 1976)
· Refestança (Som Livre – 1977)
· Babilônia (Som Livre – 1978)
· Rita Lee (Som Livre – 1979)
· Rita Lee (Som Livre – 1980)
· Saúde (Som Livre – 1981)
· Rita Lee e Roberto de Carvalho (Som Livre – 1982)
· Bombom (Som Livre – 1983)
· Rita e Roberto (Som Livre – 1985)
· Flerte Fatal (EMI – 1987)
· Zona Zen (EMI – 1988)
· Pedro e o Lobo (EMI – 1989)
· Rita Lee e Roberto de Carvalho (Som Livre – 1990)
· Bossa'n Roll (Som Livre – 1991)
· Rita Lee (Som Livre – 1993)
· A Marca da Zorra (Som Livre – 1995)
· Santa Rita de Sampa (Universal – 1997)
· Acústico MTV (Universal – 1998)
· 3001 (Universal – 2000)
· Aqui, Ali, Em Qualquer Lugar...(Abril Music – 2001)
· Balacobaco (Som Livre – 2003)
· Rita Lee MTV Ao Vivo (CD e DVD) (EMI Music – 2004)
Arnaldo Baptista:
Solo:
· Lóki? (Philips - 1974)
· Singin’ Alone (Baratos Afins - 1982)
· Disco Voador (Baratos Afins - 1987, inédito em CD)
· Let It Bed (L&C/Trattore - 2004)
Com Arnaldo & A Patrulha do Espaço:
· Faremos Uma Noitada Excelente (Vinil Urbano - 1988, inédito em cd)
· Elo Perdido (Vinil Urbano, 1988, inédito em CD)
Sérgio Dias:
· Sergio Dias (1980)
· Mato Grosso - Phil Manzanera & Sergio Dias (1990)
· Mind Over Matter (1991 – Natasha)
· Song Of The Leopard (1997)
· Estação da Luz (2000 - Lotus Music)
2 - A Minha Menina
3 - O Relógio
4 - Maria Fulô
5 - Baby
6 - Senhor F
7 - Bat Macumba
8 - Le Premier Bonheur Du Jour
9 - Trem Fantasma
10 - Tempo No Tempo
11 - Ave Gengis Khan
2 - Não Vá Se Perder Por Aí
3 - Dia 36
4 - 2.001
5 - Algo Mais
6 - Fuga Nº II Dos Mutantes
7 - Banho de Lua
8 - Ritta Lee
9 - Mágica
10 - Qualquer Bobagem
11 - Caminhante Noturno
2 - Quem Tem Mêdo de Brincar de Amor
3 - Ave Lúcifer
4 - Desculpe Babe
5 - Meu Refrigerador Não Funciona
6 - Hey Boy
7 - Preciso Urgentemente Encontrar Um Amigo
8 - Chão de Estrêlas
9 - Jôgo de Calçada
10 - Haleluia
11 - Oh! Mulher Infiel
2 - Benvinda
3 - Tecnicolor
4 - El Justiciero
5 - It’s Very Nice Pra Xuxu
6 - Portugal de Navio
7 - Virgínia
8 - Jardim Elétrico
9 - Lady, Lady
10 - Saravá
11 - Baby
Desde Que Eu Tenha O Meu Rock and Roll
2 - Vida De Cachorro
3 - Dune Buggy
4 - Cantor de Mambo
5 - Beijo Exagerado
6 - Balada do Louco
7 - A Hora e a Vêz do Cabelo Nascer
8 - Rua Augusta
9 - Mutantes e Seus Cometas No País do Baurets
10 - Todo Mundo Pastou II
2 - Rolling Stones
3 - Você Sabe
4 - Hey Joe
5 - Uma Pessôa Só
6 - Ainda Vou Transar Com Você
2 - Pitagoras
3 - Desanuviar
4 - Eu Só Penso Em Te Ajudar
5 - Cidadão Da Terra
6 - O Contrário de Nada Nada
7 - Tudo Foi Feito Pelo Sol
2 - Benvindos
3 - Trem
4 - Sagitarius
5 - Esquizofrenia
6 - Rio de Janeiro
7 - Loucura Pouca é Bobagem
8 - Hey Tu
9 - Rock n Roll City
10 - Tudo Explodindo
11 - Grande Finale
12 - Anjos do Sul (Reprise)
2 - Bat Macumba
3 - Virginia
4 - She’s My Shoo Shoo ( A Minha Menina)
5 - I Feel A Little spaced Out (ando Meio Desligado)
6 - Baby
7 - Tecnicolor
8 - El Justiciero
9 - I’m Sorry Baby (Desculpe Babe)
10 - Maria Fulô
11 - Le Premier Bonheur Du Jour
12 - Saravah
13 - Panis Et Circenses (reprise)
2 - Beija-me Amor
3 - Hoje É O Primeiro Dia do Resto da Sua Vida
4 - Teimosia
5 - Frique Comigo
6 - Amor Branco e Preto
7 - Tiroleite
8 - Tapupukitipa
9 - De Novo Aqui Meu Bom José
10 - Superfície do Planeta
Sites Oficiais:
Os Mutantes
Arnaldo Batista
Rita Lee
Sergio Dias
Pesquisa por: Gustavo Ôcalvo
4 comentários:
do caralho. muito bom. podia disponibilizar mais discografias. eu tenho algumas no computador.
qualquer coisa me contata: bfpires@yahoo.com.br
só falta uma hospedagem melhor.
DISCOGRAFIA DE RITA LEE
P O R F A V O R ! ! ! ! ! ! ! ! ! !
ASS. FAN-ZONA GAÚCHA DOS PAMPAS
esse blog eh tezao demais.. soh q cara, os links ae tao tudo corrompido ou expirado, nesses dos mutantes a maioria ta e no do creedence todos.
se vc for atualiza poe todos no up-file ou no rapidshare.
vlw!
Parabéns pelo blog, muito bom!!
Tem como conseguir os links dos mutantes, só consegui o primeiro disco.
VAleu.
Sidnei
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